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Tereos fecha a safra 2019/20 com lucro

04 de Junho de 2020

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A cooperativa francesa Tereos, que atua na produção de açúcar e amidos em 18 países, encerrou a safra 2019/20, em 31 de março, com um lucro líquido de 24 milhoes de euros. Na temporada anterior, o grupo registrou prejuízo de 260 milhões de euros.

Embora o período ainda tenha sido marcado por baixos preços internacionais do açúcar e, mais ao final, pelos impactos da pandemia do coronavírus, a Tereos aproveitou o momento de liberalização do mercado de açúcar europeu para expandir sua atuação no continente, onde obteve melhores resultados operacionais que na safra anterior.

Alexis Duval, presidente do grupo, disse ao Valor que a Tereos assegurou melhores resultados com açúcar na Europa com crescimento de participação de mercado no continente, que subiu de 11% para 14%, e com aumento de originação de beterraba depois que os produtores passaram a não ter mais vínculo fixo com compradores.

O executivo ressaltou que o plano de "excelência operacional" também foi bem-sucedido e já resultou em uma economia de 140 milhões de euros, ante um objetivo inicial de 100 milhões de euros entre 2014 e 17. "Minha experiência de mercado livre de açúcar, busca de competitividade e crescimento adquirida no Brasil, onde passei 6 anos construindo a atividade brasileira, foi decisiva", afirmou.

O melhor desempenho da Tereos em todas as suas linhas de negócio continuou sendo o de “açúcar internacional”, que inclui suas operações no Brasil e cresceu puxado tanto por maiores volumes como pelos preços melhores no fim do exercício.

A receita da Tereos subiu 1%, para 4,492 bilhões de euros, enquanto seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado aumentou 53%, para 420 milhões de euros. Mais da metade desse resultado veio do negócio “açúcar internacional”, cujo Ebitda cresceu 32% (222 milhões de euros).

O Ebitda do negócio de açúcar na Europa também registrou melhora, com crescimento de 157% ante a safra anterior, para 95 milhões de euros.

Com o aumento da produção tanto dentro da Europa como fora, a Tereos encerrou a safra recuperando o posto de segunda maior produtora mundial de açúcar, com 4,475 milhões de toneladas produzidas mundialmente.

A cooperativa também expandiu sua atuação em amidos e adoçantes, consolidando sua atuação na Europa e tornando-se a principal produtora de amidos na Indonésia. O Ebitda do negócio cresceu 7%, para 93 milhões de euros.

O grupo não destacou impactos da pandemia nos resultados da safra passada e, para esta temporada, vê reflexos limitados e que podem ser compensados por outros fatores. No caso do mercado de etanol e açúcar europeu, a Tereos observou que a queda estimada de consumo para o ano, de 3%, está alinhada com a perspectiva de redução da área de produção de beterraba, que serve de matéria-prima.

Especificamente no caso do mercado europeu de etanol, o mais atingidos pela crise, o grupo disse que contornará a redução da demanda apostando na produção de álcool tradicional e farmacêutico, e ressaltou o apoio dado pelo governo francês ao setor produtivo, impondo medidas para limitar as importações.

Porém, a Tereos observou que “o calendário e a velocidade da implementação das medidas de desconfinamento, iniciados em maio, serão decisivos em termos de ritmo e extensão da recuperação do consumo nos próximos meses”.

No caso brasileiro, a cooperativa informou que o impacto da crise sobre os preços é compensado pela desvalorização do real, que garantiu uma remuneração do açúcar, em reais, em patamares acima dos níveis pré-covid, em torno de R$ 1.400 a tonelada. Para o mercado de etanol do país, o cenário de recuperação também dependerá “do desdobramento das medidas de restrição ao transporte nos próximos meses e das medidas de desconfinamento no país”, observou.

A cooperativa preferiu não antecipar qual pode ser o impacto estrutural da crise provocada pela pandemia no médio prazo, mas disse que manterá seu plano estratégico de diversificação e de ganhos de desempenho. Segundo o grupo, caso os preços do açúcar se mantivessem como estavam antes do coronavírus, esse plano levaria-o a um Ebitda de 600 milhões a 700 milhões de euros na próxima safra (2021/22).

 

Fonte: Valor Econômico – 03/06

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