15 de Junho de 2020
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A Tereos Açúcar & Energia Brasil, da francesa Tereos, concluiu a captação de US$ 105 milhões com sete bancos com taxas de juros vinculadas a metas de sustentabilidade. Trata-se de uma modalidade de “financiamento verde” já usada por alguns poucos grupos do agronegócio, como a estatal chinesa Cofco International, mas este é o primeiro caso no setor de cana do Brasil.
O empréstimo, com prazo de cinco anos, foi contratado como pré-pagamento para exportação, mas parte foi usado para refinanciar dívidas que venciam este ano.
O custo depende do atendimento de quatro metas: de redução das emissões de gases de efeito estufa, de redução relativa do consumo de água na moagem de cana, do aumento da certificação da matéria-prima, e da melhora de uma nota de sustentabilidade.
A operação foi coordenada pelos bancos ING, da Holanda, e Natixis, da França. Participaram ainda os franceses BNP Paribas e Crédit Industriel et Commercial (CIC), o americano Citibank, o alemão Commerzbank e o holandês Rabobank.
Para a meta de emissões, a empresa terá que reduzir a pegada de carbono em 3% por ano nos cinco anos de financiamento. No programa RenovaBio, que premia os produtores de biocombustíveis mais eficientes quando os renováveis substituem fósseis, o etanol da Tereos “economiza”, em relação à gasolina, 62 gramas de gás carbônico por megajoule de energia.
A companhia espera melhorar essa nota com a inclusão de mais fornecedores de cana no cálculo, com aportes em cogeração de energia a partir da queima do bagaço da cana, que já estão em curso, e com a produção de biogás a partir de rejeitos, que está em estudo. Essas iniciativas já vinham sendo tocadas para aumentar a nota no RenovaBio, segundo Jacyr da Costa Filho, diretor Região Brasil da Tereos.
Também entrará nessa conta a pegada de carbono de toda a operação, inclusive da exportação de açúcar, que deve crescer nesta safra. Como a Tereos tem parceria com a operadora ferroviária VLI, a companhia espera que a substituição de caminhões por trens no escoamento colabore para alcançar a meta. Nesta safra, a substituição de modal deve reduzir as emissões em 220 mil toneladas de carbono, afirmou Costa.
Para o consumo de água, a meta é reduzir o volume gasto por tonelada de cana processada em 5% ao ano por cinco anos, e, para a matéria-prima, a meta é elevar a área com certificação Bonsucro em 5% ao ano no período. Na temporada 2019/20, 29% da cana processada no Brasil possuía a certificação.
Essas três metas serão verificadas por um auditor. A quarta é aumentar a nota da EcoVadis, uma plataforma de avaliação de sustentabilidade ambiental, social e de governança. A certificadora analisa vários critérios, incluindo os passivos ambientais. A nota da Tereos é 71 de 100.
Atendendo às metas, a Tereos pode economizar entre US$ 100 mil a US$ 150 mil ao ano. Se elas forem superadas, as taxas podem cair ainda mais. Mas Costa disse que isso não é o mais importante da operação.
O executivo destacou o prazo. Segundo ele, é o primeiro empréstimo corporativo na América Latina com prazo de cinco anos fechado durante o período da pandemia - em que bancos estão mais avessos ao risco. “O mais importante é estar vinculado à sustentabilidade e se comprometer com metas, porque nosso foco é a busca destes índices”, afirmou.
Fonte: Valor Econômico – 15/06
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