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Sustentabilidade avança pouco no mundo

18 de Março de 2019

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Grandes companhias globais falam muito em sustentabilidade ambiental e descarbonização de sua produção, mas o que fazem na prática é insuficiente. A implementação de programas de sustentabilidade corporativa tem sido lenta e, na melhor das hipóteses, desleixada e ineficaz.

A conclusão é dos professores Benoit Leleux e Jan Van der Kaaij, do IMD, o instituto de administração sediado na cidade suíça Lausanne, por onde passou boa parte de grandes executivos internacionais.

Conforme outro professor do IMD, Knut Haanaes, 62% de executivos consultados numa pesquisa consideram estratégias de sustentabilidade necessárias para serem competitivos atualmente, e outros 22% dizem que isso será importante no futuro. Sustentabilidade é vista como uma abordagem de negócios para criar valor no longo prazo, levando em conta como uma companhia opera em ambientes ecológico, social e econômico.

De seu lado, Benoit Leleux e Jan Van der Kaai concluíram em pesquisa com dez setores industriais ao longo de três anos que, ao contrário do otimismo gerado pelo Acordo de Paris para combater a mudança climática e pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, as iniciativas nas empresas deixam a desejar.

Na pesquisa, transformada no livro "Winning Sustainability Strategies", os dois professores constatam que menos de um terço das companhias desenvolveram casos de negócios claros ou proposições de valor apoiadas em sustentabilidade.

Além disso, apenas 10% das empresas estão conseguindo captar o valor total da sustentabilidade, enquanto muitas companhias restam presas na "comunicação". Algumas das companhias estão no topo do "Dow Jones Sustainability Index" como Adidas, Pirelli, Roche, Telenet. Mostram casos bem-sucedidos tanto da gigante Unilever como da empresa de pasta de quinoa Coronilla, da Bolívia.

Algum setor tem melhores resultados na implementação de programas de sustentabilidade, como no setor de material de construção, bem mais que nas telecomunicações.

Benoit Leleux e Jan Van der Kaai alertam que o tempo está se esgotando. Estudos alertam que a poluição de carbono precisa ser cortada quase pela metade até 2030 para evitar 1,5 grau de aquecimento do planeta. Isso requer revisões ainda mais drásticas das indústrias globais e dos governos, afirmam.

Eles apontam uma iniciativa de alguns grandes executivos, representando mais de US$ 1,5 trilhão de faturamento, no recente Forum Mundial de Economia, em Davos, na defesa de melhor cooperação para os governos para acelerar resultados na luta contra a mudança climática e enfatizando a importância de parceria público-privada.

Os dois professores destacam que os investidores reconhecem cada vez mais o impacto para a sociedade das empresas nas quais investem. Eles exemplificam com o caso de Kohlberg Kravis Roberts (KKK), um peso pesado no setor de "private equity" com 695 mil pessoas empregadas nas empresas onde investiu. Desde 2008, KKK intensificou as cobranças para as companhias incluírem questões de sustentabilidade nos seus investimentos. "Mesmo investidores de alto risco estão hoje dirigindo um Tesla (fabricante de carros elétrico e autônomo) para trabalhar", afirmam.

Eles notam que a necessidade de modelo de negócios mais sustentável está aumentando tão rapidamente quanto os níveis de dióxido de carbono na atmosfera. E sugerem um forte senso de foco que chamam de "Vetorização", que inclui programas de sustentabilidade corporativo mais acelerados.

Alertam que companhias que trabalham em boas causas sem relação com seus negócios centrais tendem a ser menos efetivos e ter menos impacto.

Valor Econômico - 18/03/2019

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