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Shell investe R$ 3 bilhões em projetos de energia

22 de Setembro de 2021

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A Shell vai investir R$ 3 bilhões até o fim de 2025 no Brasil em negócios integrados de energia, principalmente em atividades de gás natural e geração de energia elétrica. A petroleira anglo-holandesa lançou ontem a marca Shell Energy Brasil, focada na transição energética para uma economia de baixa emissão de carbono.

O Brasil é um dos mercados prioritários para a petroleira em meio aos esforços do grupo para zerar emissões líquidas de carbono globais até 2050, junto com os Estados Unidos, Europa Ocidental e Austrália. A empresa é hoje a segunda maior produtora de petróleo e gás do país, com uma produção diária média de 373,5 mil barris de petróleo e 15,7 milhões de metros cúbicos de gás natura, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) de julho.

“O Brasil é sempre uma caixa de surpresas. O país tem, como qualquer outro lugar, uma série de volatilidades, mas o grupo Shell está buscando oportunidades de crescimento em diversas áreas, eventualmente até não tradicionais”, afirmou ontem o presidente da Shell Brasil, André Araújo.

De acordo com o diretor de renováveis e soluções de energia da empresa, Guilherme Perdigão, os novos investimentos no país incluem o mercado integrado de energia renovável, com foco em geração solar e eólica, principalmente na região Sudeste. Os projetos serão voltados para o mercado livre, com expansão das áreas de comercialização e autoprodução.

Recentemente, a empresa anunciou a construção do primeiro parque de geração solar no Brasil, o parque de Aquarii. A usina vai ser construída em Brasilândia de Minas (MG), com capacidade de 190 megawatts (MW), e foi viabilizada a partir de um termo de cooperação com a Gerdau.

“O Brasil é uma prioridade para o grupo pela crescente demanda de energia elétrica que, na nossa avaliação, tem perspectiva de continuar crescendo. O país tem uma abundante oferta de gás e recursos renováveis competitivos, além da perspectiva da abertura do mercado de energia, com a Nova Lei do Gás e o crescimento exponencial do mercado livre de energia elétrica”, disse o diretor.

Ao todo, o grupo tem 2 gigawatts (GW) de projetos de geração eólica e solar em desenvolvimento no país. Segundo a gerente de desenvolvimento de projetos de geração de energias renováveis, Gabriela Oliveira, o maior desafio para tirar os projetos da fase de desenvolvimento é a conexão à malha de energia elétrica.

No caso da energia solar, o grupo deve desenvolver os próprios projetos do zero, enquanto para a geração eólica a intenção é crescer por meio de aquisições. “Nada nos impede de entrar no mercado de energia eólica terrestres com projetos já desenvolvidos ou em desenvolvimento. Para nós, faz mais sentido entrar com a aquisição, e não desenvolver projetos do zero no momento”, disse.

A Shell também confirmou que vai entrar no segmento de geração eólica em altomar no país. Hoje a fonte ainda não tem projetos no Brasil, mas o governo trabalha para elaborar uma regulação que deve viabilizar os primeiros empreendimentos (veja reportagem abaixo).

Oliveira afirmou que a empresa quer trazer para o Brasil a experiência internacional do grupo com a fonte. “Estamos ansiosos para entender o decreto que o governo vai desenvolver até o fim do ano para incentivar essa fonte limpa e renovável. Temos experiência fora do Brasil com essa fonte e visamos começar esse desafio também no Brasil”, disse a gerente. A Shell também pretende ampliar as atividades em gás, com o aumento da produção no pré-sal e geração termelétrica a gás, além da importação de gás natural liquefeito (GNL).

O grupo estuda participar do leilão que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai realizar ao fim do ano para contratar usinas termelétricas no modelo de capacidade. O leilão vai contratar, pela primeira vez, a potência das usinas separada da geração. “Estamos na fase de entender as regras. Estamos otimistas, a perspectiva é positiva, mas não consigo ainda cravar que vamos participar. Sendo um leilão novo, temos que entender e nos preparar”, disse Perdigão.

A Shell avalia participar do leilão com projetos a gás natural liquefeito (GNL) em diversas regiões do país. Além disso, a companhia também estuda expandir sua atuação na região de Macaé (RJ), como forma de ampliar o projeto da usina termelétrica de Marlim Azul, atualmente em construção.

Fruto de uma joint venture da Shell Brasil com o Pátria Investimentos e a Mitsubishi Hitachi Power Systems, Marlim Azul será a primeira térmica do país operada por uma empresa privada a ser abastecida pelo gás do pré-sal. Com capacidade de gerar 565 megawatts (MW), o projeto envolve também a construção de um gasoduto de 22 quilômetros.

A usina tem previsão de entrar em operação em 2023. Segundo Perdigão, 70% das obras estão concluídas. “Os principais equipamentos já estão no local. O grande desafio nesse projeto foi a covid-19, mas as perspectivas para o futuro são positivas”, disse o diretor.

Perdigão destacou que o Brasil vai precisar expandir a geração termelétrica de modo a garantir o suprimento de energia, com o aumento da participação de fontes renováveis intermitentes na matriz. Ele elogiou a iniciativa da Aneel de realizar o primeiro leilão no modelo de capacidade no país.

“Em função do crescimento da demanda de energia elétrica e do perfil do suprimento, focado em renováveis, vemos como importante para o país a contratação de capacidade instalada adicional, para complementar as renováveis e oferecer um suprimento confiável ao consumidor”, disse.

Nesse contexto, o grupo vê espaço para ampliar os investimentos em GNL. A gerente de vendas e originação de gás, Carolina Bunting, destacou que os agentes do setor têm ganhado mais confiança no processo de abertura em curso no mercado de gás nos últimos meses. “Acho que existe espaço para mais um terminal de regaseificação no Brasil”, afirmou.

 

Fonte: Valor Econômico – 22/09

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