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Setor sucroenergético pode viver nova onda de fusões e aquisições

11 de Maio de 2017

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A reação esboçada pelo setor de açúcar e etanol a partir do ano passado tenderá a reanimar em alguma medida o mercado de aquisições, esperam consultores e especialistas, ainda que a intensidade desse movimento provoque discordâncias naquelas áreas.

No ano passado, segundo números da EXM Partners, da PwC, da Deloitte, da Czarnikow e da RPA Consultoria, cinco usinas trocaram de dono, somando uma capacidade instalada muito próxima de 20 milhões de toneladas, em torno de 3% da cana da região Centro-Sul, em negócios estimados em alguma coisa acima de R$ 2 bilhões, evolvendo desembolsos diretos e assunção de dívidas.

O ritmo das transações já havia sido mais promissor do que em 2015, quando, na estatística do diretor de corporate finance da consultoria Czarnikow, Luis Felipe Trindade, foi registrada apenas uma aquisição.

Em uma transação concluída em dezembro daquele ano, o Grupo Ruette, dono de duas usinas de cana em São Paulo, com capacidade para 4,5 milhões de toneladas, foi comprado pelo fundo de private equity Black River Agriculture Fund 2, da gestora Black River, em um investimento de R$ 151 por tonelada de capacidade.

Neste momento, assinala ele, havia "uma série de processos em andamento na área de corporate finance (finanças corporativas, em tradução aproximada), incluindo alguns de fusão e aquisição ainda no forno, depois de cinco anos com poucas operações fechadas nesta área".

"De fato, o ambiente tende a favorecer a volta das operações de fusões e aquisições no setor de forma progressiva, em uma intensidade diferente daquela observada em 2010 e 2011, mas com elevação no número de operações e nos valores de transações", observa Trindade.

Segundo ele, o mercado registra, atualmente, uma presença mais forte de players que já atuam no setor, em busca de sinergia para o seu negócio. Da mesma forma, percebe-se o interesse também de investidores estrangeiros, sobretudo do Oriente Médio e da Ásia. "Em resumo, 2017 pode ser um ano mais ativo do que 2016".

Na avaliação de Wendel Caleffi, sócio da EXM Partners, o mercado tem dado sinais efetivos de alguma reação, com maior procura de investidores, especialmente estrangeiros. Ricardo Pinto, sócio e fundador da RPA, observa que a "temporada de due diligence no setor foi reaberta agora", com a demanda de liderada por grupos da Europa e do Oriente Médio.

Depois de dois anos sem procura, a RPA conclui duas operações em São Paulo, fechou contrato com mais duas usinas, também em território paulista, e iniciou as tratativas de uma usina em Mato Grosso.

"Há cerca de um mês fizemos uma due diligence para um grupo do Oriente Médio, interessado na aquisição das duas usinas da Abengoa Bioenergia em São Paulo. Um grupo europeu sinalizou interesse em contratar a avaliação de um grupo de médio porte do Centro-Sul, em mais um sinal de que o mercado de fusões e aquisições experimentam uma retomada", afirma Pinto.

Os investidores, no entanto, continuam bastante conservadores, na visão de Alessandro Ribeiro, líder para a área de fusões e aquisições da PwC, e de Paulo Pinese, sócio da consultoria Deloitte para a área de agronegócio.

"A novidade é que os preços (do açúcar e do etanol) estão mais favoráveis e o valor das usinas está mais baixo do que na fase de boom desse mercado, entre os ciclos 2009/10 e 2011/12", comenta Ribeiro. Pinese acredita que uma segunda onda de consolidações no setor ainda deverá ocorrer.

(Fonte: Revista Safra – 10/05/17)

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