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Setor de energia solar e eólica dos EUA estuda vender braços financeiros

12 de Abril de 2017

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Dois anos atrás, empresas de energia solar e eólica estavam famintas por uma estrutura financeira que ajudava a bancar seus projetos de energia limpa. Agora, muitas pensam em pular fora.

O setor criou estruturas conhecidas como yieldcos, negociáveis no mercado, a fim de levantar recursos para novas obras. Isso atraiu acionistas interessados em dividendos gerados com a venda de eletricidade.

Quinze companhias dos EUA e da Europa captaram US$ 12 bilhões junto ao público até meados de 2015, à medida que as fontes renováveis abocanhavam uma fatia cada vez maior do mercado global de energia, segundo a Bloomberg New Energy Finance (BNEF).

Porém, com o acúmulo de dívidas e a queda dos preços da eletricidade e dos painéis solares, empresas como First Solar e Abengoa estudam vender suas participações em yieldcos. A gigante de energia limpa SunEdison, que entrou com pedido de recuperação judicial há um ano, concordou em vender participações em suas duas yieldcos.

“Boa parte do valor de mercado no segmento solar é vinculada aos equipamentos”, disse Andrew Hughes, analista do Credit Suisse Group em São Francisco. “É preciso focar primeiramente em salvar o negócio central.”

Os investidores institucionais têm mostrado apetite pelos ativos das yieldcos — parques eólicos e solares com contratos de várias décadas para vender eletricidade a distribuidoras ou clientes corporativos.

O setor de energia limpa se transformou de nicho em fornecedor importante. De quase nada há uma década, as fontes renováveis agora fornecem mais de 11 por cento da eletricidade global e o setor representou mais da metade da nova capacidade de geração construída ao redor do mundo no ano passado, de acordo com a BNEF.

Essas obras todas precisaram de financiamento. As empresas usaram yieldcos para captar recursos, que foram transformados em novos projetos. Com o aumento do número de ativos de geração das yieldcos, mais dividendos eram gerados para os acionistas. Mas essas estruturas também se mostraram quase totalmente dependentes das controladoras para crescer.

A SunEdison , sediada em Maryland Heights, no Estado americano do Missouri, sucumbiu à ânsia por crescimento. A companhia entrou com pedido de recuperação judicial em abril do ano passado, após uma onda de expansão global que deu origem a duas organizações com modelo de yieldco e US$ 16,1 bilhões em passivos e projetos inacabados.

A First Solar está em melhor forma financeira, mas enfrenta maior concorrência no mercado de energia solar. A empresa divide o controle da yieldco 8Point3 Energy Partners com a SunPower. A First Solar fabrica painéis solares na cidade de Tempe, no Arizona, e em 2017 espera registrar seu segundo prejuízo anual consecutivo. A SunPower, sediada em San Jose, na Califórnia, espera o terceiro prejuízo anual. A First Solar estuda vender sua participação na yieldco. A SunPower informou que busca outro parceiro para substituir a First Solar, mas também estuda outras opções.

“São necessárias controladoras saudáveis para as yieldcos serem saudáveis”, disse o analista Gordon Johnson, da Axiom Capital Management, em Nova York. “First Solar e SunPower não são saudáveis. Isso é prejudica sua yieldco”

(Fonte: Bloomberg – 12/04/17)

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