26 de Setembro de 2018
Notícias
As usinas de açúcar no centro-sul do país estão antecipando a fabricação dos dois produtos na safra deste ano devido à seca prolongada.
Sem chuva, as colhedoras de cana-de-açúcar tiveram mais condições de acessar as lavouras —o que é impraticável em dias chuvosos—, o que acelerou a colheita.
Além disso, a produtividade da planta caiu devido à estiagem e a projeção da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) é de que a safra atinja cerca de 560 milhões de toneladas de cana, queda de 6,04% em relação às 596 milhões de toneladas previstas inicialmente.
Pode parecer pouco, mas essas 36 milhões de toneladas equivalem praticamente à produção do Paraná todo na safra 2017/18, quinto maior produtor do país e que colheu 37 milhões de toneladas. O maior produtor é São Paulo, com 357,1 milhões de toneladas na última safra.
"É uma quebra estritamente climática. A área disponível para colheita teve crescimento, mas a oferta será reduzida em 36 milhões de toneladas. Foi estritamente o veranico prolongado e a seca", afirmou o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.
Consequência da antecipação da produção, a entressafra será maior agora. O período normalmente vai do fim de dezembro a março e, nele, as usinas não moem cana e fazem manutenção das plantas industriais.
É, também, o período em que o etanol tradicionalmente sobe de preço.
Rodrigues disse que o início da próxima safra, 2019/20, não deverá ser antecipado por conta do fim precoce da atual. Com isso, as usinas devem iniciar a moagem em meados de abril.
O diretor técnico afirmou que a oferta de etanol no período deve ser 15% superior à da última entressafra e que algum ajuste deve ocorrer.
"Difícil ter alguma expectativa de que isso aconteça num curtíssimo prazo. Mas, se continuar a venda no patamar de 2 bilhões de litros por mês, o mercado vai se ajustar lá na frente. Não fortemente, mas sim."
Ainda de acordo com ele, mesmo com o ajuste dificilmente o etanol perderá competitividade com a gasolina se não houver alterações em relação aos tributos praticados na gasolina.
Antecipação
Relatório sobre a moagem no centro-sul do país divulgado nesta terça-feira (25) pela associação das usinas mostra que, devido à seca, só 12% de 237 usinas devem processar cana em dezembro, ante 36% que o fizeram no mesmo mês em 2017.
Até outubro, 38% das usinas já devem encerrar a safra e, até novembro, outros 49%.
O prazo médio de antecipação é de 27 dias em relação à safra passada.
Menos cana por hectare
Desde o início da safra, em abril, e até o último dia 15, foram processadas 430,35 milhões de toneladas, ante 428,32 milhões de toneladas da safra passada.
A diferença é que, segundo dados do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), o canavial rendeu em média 70,73 toneladas de cana por hectare na primeira quinzena de setembro, ante 77,87 toneladas no mesmo período da safra passada.
Os números mostram queda de 9,16% e que é preciso colher mais cana para ter o mesmo rendimento. Essa diferença é que é atribuída à seca.
Safra alcooleira
Desde o início da safra, foram produzidos pelas usinas 20,99 milhões de toneladas de açúcar (queda de 20,72%), enquanto a produção de etanol teve aumento de 30,31%.
Foram produzidos 22,75 bilhões de litros, dos quais 7,05 bilhões de anidro (misturado à gasolina antes da comercialização nos postos) e 15,70 bilhões de hidratado (usado diretamente nos veículos).
Isso significa que 63,4% da cana foi destinada à fabricação de etanol, ante 36,6% que viraram açúcar.
Folha de S. Paulo -26/09/18
Veja também
24 de Abril de 2024
Evento do MBCB destaca potencial da descarbonização da matriz energética brasileiraNotícias
24 de Abril de 2024
WD Agroindustrial promove intercâmbio cultural em aldeia indígena para celebrar o dia dos povos origináriosNotícias
24 de Abril de 2024
Raízen encerra safra 2023/24 com moagem recorde de 84,2 milhões de toneladasNotícias