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Saiba como está a participação da biomassa como fonte de eletricidade

13 de Março de 2018

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Levantamento da Gerência de Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) revela como está a participação da biomassa como fonte de eletricidade.

1 - Potência outorgada

Atualmente, a fonte biomassa representa 9% da potência outorgada pela Agência Nacional de Energia Elétrica

(Aneel) na matriz elétrica do Brasil. Quando se estratifica a fonte fóssil, a bioeletricidade assume a segunda -posição na matriz elétrica brasileira, pois a mais importante contribuição da fonte fóssil é o gás natural, que detém 13.705 MW, inferior à capacidade instalada pela fonte biomassa, conforme tabela na sequência.

2 - Biomassa de cana

Com referência somente à bioeletricidade da cana, o setor sucroenergético detém hoje em torno de 7% da potência outorgada no Brasil e 77% da fonte biomassa, sendo a quarta fonte de geração mais importante da nossa matriz elétrica em termos de capacidade instalada, atrás da fonte hídrica e das termelétricas com gás natural e das eólicas.

3 - Evolução anual da capacidade instalada

Em termos de evolução anual de capacidade instalada, a fonte biomassa teve seu recorde no ano de 2010, com

1.750 MW (equivalente a 12,5% de uma Usina Itaipu), resultado de decisões de investimentos antes de 2008, quando o cenário era estimulante à expansão do setor sucroenergético.

A fonte biomassa, que já chegou a representar 32% do crescimento anual da capacidade instalada no país, participou em 2017 com apenas 7% da expansão da capacidade instalada no Brasil, índice que poderá cair para apenas 1% em 2018 e 2019, como se pode observar a seguir.

4 - Geração pela fonte biomassa

A produção de bioeletricidade para a rede elétrica atingiu 25.482 GWh em 2017, representando um crescimento de pouco mais de 6% em relação ao ano anterior.

Em termos de comparação, essa energia gerada para a rede foi equivalente a ter abastecido 13,5 milhões de residências ao longo de um ano, evitando a emissão de 9,6 milhões de tCO2, marca que somente seria atingida com o cultivo de 67 milhões de árvores nativas ao longo de 20 anos.

Esse volume inclui a geração de energia elétrica para a rede pelos diversos tipos de biomassa, sendo que a biomassa da cana-de-açúcar representou 84% do montante de geração de energia pela biomassa à rede no ano passado, conforme tabela abaixo.

5 - Comparativo com a geração total

Comparando-se com a geração total de energia elétrica no país, o desempenho da bioeletricidade é até representativo, pois o crescimento da produção de energia elétrica para a rede no país foi de 1% no ano passado, em relação a 2016, enquanto a bioeletricidade cresceu em 6,4%, conforme tabela a seguir.

6 - Expansão inferior

Porém, a expansão da bioeletricidade foi bem inferior ao crescimento da fonte eólica, que foi de 27% no referido período, ou mesmo comparado com a própria bioeletricidade numa série histórica maior, pois a oferta de bioeletricidade para a rede já chegou a crescer mais de 30% entre 2012 e 2013, conforme mostra figura abaixo

7 - Em baixa

Chama atenção também a baixa expansão da oferta de bioeletricidade para a rede a partir da biomassa da cana, com um crescimento de apenas 0,8% entre 2016 e 2017. Certamente, a crise de inadimplência nas liquidações financeiras no Mercado de Curto Prazo (MCP) deve ter prejudicado uma geração mais conjuntural que a biomassa tem capacidade de ofertar, em resposta a preços aquecidos no MCP.

Não há como estimular uma geração extra pela biomassa com o imbróglio jurídico que vive o MCP e suas liquidações financeiras, com os geradores sucroenergético assumindo os custos da operação sem terem o respectivo pagamento pela energia gerada para a rede.

8 - Predomínio da produção no Centro-Sul

Em 2017, 89,2% da geração pela fonte bioeletricidade para a rede esteve concentrada em apenas cinco Estados da Federação: São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e Paraná. Todos estes Estados ficam na chamada Região Centro-Sul sucroenergética.

O Estado que mais gerou bioeletricidade, em 2017, foi São Paulo, responsável por 47% do volume total no período, conforme tabela a seguir.

9 - Produção com predomínio no período seco

A bioeletricidade sucroenergética acompanha sobretudo o perfil da produção da safra canavieira, pois é quando ocorre a disponibilidade da biomassa para a geração de energia. Na Região Centro-Sul do país, que costuma processar mais de 90% da cana no Brasil, a safra é concentrada entre os meses de abril e novembro. Justamente neste período, a bioeletricidade sucroenergética representa também mais de 90% da geração anual para o Sistema Interligado Nacional (SIN).

Abril a novembro são meses do chamado período seco e crítico do SIN. Em 2017, dos 21.444 GWh ofertados para o SIN pela bioeletricidade canavieira, 19.490 GWh (91%) foram produzidos entre abril e novembro, equivalente a 8% de toda a geração hidrelétrica no mesmo período, de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema. A figura abaixo mostra esta informação.

A bioeletricidade não é considerada fonte intermitente, no estrito senso do conceito de recurso energético. Pela sua maior previsibilidade e confiabilidade, é considerada uma fonte sazonal, assim como é a hidrelétrica, mas não é intermitente. Essas características e sua disponibilidade no período seco do SIN fizeram com que o total de volume de energia fornecido à rede pela biomassa da cana, em 2017, tenha sido equivalente a economizar 15% da água dos reservatórios hidrelétricos do principal submercado do setor elétrico, conforme dados obtidos do ONS e da CCEE, o Sudeste/Centro-Oeste, que no ano passado respondeu por 58,3% do consumo de eletricidade no País.

10 - Comercialização

A partir de 2004, em relação à comercialização de energia no setor elétrico brasileiro, foram instituídos dois ambientes possíveis para se celebrar contratos de compra e venda: o Ambiente de Contratação Regulada (ACR), do qual participam agentes de geração e de distribuição de energia (em atendimento aos chamados consumidores cativos); e o Ambiente de Contratação Livre (ACL), do qual participam agentes de geração, comercializadores, importadores e exportadores de energia e consumidores livres e especiais de energia elétrica.

Segundo a CCEE, em 2016, 71% do consumo de energia elétrica no país ocorreu no âmbito do ACR e 29% no ACL. Já a bioeletricidade ofertada para o SIN, no mesmo período teve uma destinação diferente da distribuição do consumo nacional: 69% foram destinados ao ACL e 31% destinados para o ACR.

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética – EPE (2017), do total de número de usinas sucroenergéticas que exportam energia para o SIN, em 2016, parte atuava exclusivamente no ACL (57%) ou no ACR (8%) e o restante (35%) vendia em ambos ambientes de contratação.

Ainda, em específico à participação da bioeletricidade sucroenergética no Ambiente Regulado, de 2004 a 2017, o setor canavieiro comercializou um total de 131 projetos nos leilões regulados somando 1.728 MW médios.

11 - Potencial da bioeletricidade

Em 2016, segundo a EPE (2017), dentre as 378 usinas a biomassa de cana-de-açúcar em operação, 44% comercializaram eletricidade, representando um leve aumento em relação ao ano anterior, que era 40%.

Assim, há mais de 200 usinas sucroenergéticas, segundo a EPE, que, com uma biomassa já existente nos canaviais, podem passar por um processo de reforma (“retrofit”), além de aproveitarem plenamente o bagaço, a palha e o biogás da vinhaça, e tornarem-se grandes geradoras de bioeletricidade para a rede.

De acordo com o último Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2026), considerando o aproveitamento pleno da biomassa existente (bagaço, palha e biogás) nos canaviais em 2016, a geração de bioeletricidade sucroenergética para a rede tem potencial técnico para chegar a mais de sete vezes o volume de oferta à rede em 2016, conforme se observa abaixo.

O aproveitamento do potencial técnico da bioeletricidade sucroenergética para a rede é de apenas 14% de seu total. Considerando a moagem da safra passada, o potencial de técnico da bioeletricidade para o sistema interligado é de quase 151 TWh, algo como quase quatro usinas do porte de Belo Monte, mas exportamos apenas 21,2 TWh para a rede em 2016, mostrando grandes oportunidades que temos para aproveitar melhor o potencial dessa fonte renovável e sustentável.

Fonte: Jornal Cana/Unica – 13/03/2018

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