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Safra faz valer a pena abastecer carro com álcool

20 de Abril de 2018

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O consumidor já está encontrando etanol a menos de R$ 3 na região metropolitana de Belo Horizonte. Em alguns postos, já é possível abastecer com álcool por R$ 2,88. “Há cerca de uma semana, esses mesmos locais estavam vendendo o litro por R$ 3,09. A queda tem sido significativa desde que a safra da cana-de-açúcar começou.

 Isso está aumentando ainda mais a competitividade do etanol frente à gasolina”, afirma o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos. Em vários postos pesquisados pela reportagem, o álcool já está custando entre 66% e 68% do valor da gasolina. Segundo o mercado, ele é mais vantajoso quando está abaixo dos 70%.

O que está bom para o bolso do consumidor ainda pode melhorar nos próximos dias. É que nem toda a redução de preços gerada pelo aumento da oferta de cana-de-açúcar após o começo da safra foi repassada. De acordo com o indicador Esalq do Centro de Estudos Avançados em Economia (Cepea), que mede as oscilações do álcool no mercado, nas últimas cinco semanas, o preço pago aos produtores caiu R$ 0,38: de R$ 1,90 para R$ 1,52.

Já nas bombas, a queda média foi de aproximadamente R$ 0,20. Há cinco semanas, o litro do álcool na capital mineira estava sendo vendido, em média, por R$ 3,18, segundo levantamento de preços feito semanalmente pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

“Em cinco semanas, o etanol ficou R$ 0,40 mais barato para o produtor. Essa redução já é bem visível nos postos de Belo Horizonte. No entanto, acreditamos que ainda exista uma gordura e esse preço possa cair um pouco mais”, afirma Campos.

Se os R$ 0,40 de queda já sentidos pelo produtor já tivessem sido integralmente repassados ao consumidor final, ele poderia estar pagando R$ 2,78 pelo litro do etanol.

Por meio de nota, o Sindicato dos Revendedores do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) lembra que os postos são apenas a ponta da cadeia, que envolve outros fornecedores, como as distribuidoras. “Os preços são definidos por cada empresário, de acordo com a concorrência do estabelecimento e das condições de estoque, local e número de bombas”, afirma a nota.

 

Competitividade

 De acordo com o levantamento da ANP, há sete dias, a relação de preço entre gasolina e álcool na capital mineira estava em 71,6%. No corredor da Via Expressa, onde estão concentrados os preços considerados mais competitivos da cidade, o álcool está custando R$ 2,88.

“A gasolina, na maioria dos casos, está sendo vendida por R$ 4,29, o que dá uma relação de 67%. Ou seja, está mais competitivo e, se tudo fosse repassado, estaria ainda mais. Nós estamos estimando que essa relação com a gasolina pode chegar a 65% nos próximos dias”, afirma Campos.

Segundo ele, o parâmetro de 70% já não pode mais ser considerado indicador de vantagem. “Hoje, consideramos que esse patamar subiu para 75%, quando levamos em conta a forma como cada condutor dirige seu veículo e também as particularidades de cada carro”, analisa.

Boa safra

De acordo com estimativas da Siamig, a safra de 2018/2019 deve colher 65 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, praticamente o mesmo volume da safra anterior.

A empresária Mariana Batista, 40, trocou de carro em janeiro deste ano. Na quinta-feira (19), pela primeira vez, ela abasteceu com álcool. “Mesmo quando eu tinha o outro carro, dava preferência para a gasolina, porque nunca valia a pena. Ontem, quando vi que o etanol tinha caído para R$ 2,88, decidi abastecer com ele”, conta.

A atendente de um posto da capital, Natália Silva, já percebeu a mudança de hábito. “Como está compensando mais o álcool, a demanda aumentou bastante. Antes, o pessoal até preferia também, porque é o combustível mais barato”, destaca Natália.

Mas não é só quem escolhe o etanol que está ganhando. A economia também se estende para quem opta pela gasolina. “Na atual política de reajustes diários, a gasolina tem subido constantemente. Mas, como tem álcool na mistura da gasolina A, isso está impedindo que os aumentos sejam ainda maiores. Então, de toda forma, a redução dos preços do etanol está proporcionando mais economia para os consumidores”, afirma o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas do Estado de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos.

Valor pode sofrer menos interferências

A venda de participações em refinarias reduz a possibilidade de novos controles de preços dos combustíveis no futuro, defendeu nesta quinta-feira o presidente da Petrobras, Pedro Parente. A empresa apresentou ao mercado o modelo de parcerias no setor, que prevê a privatização de quatro refinarias.

Ao lado da promessa de atração de investimentos, a questão dos preços é uma das estratégias usadas pela estatal para tentar quebrar resistências contra a venda dos ativos, que já começa a gerar mobilização entre sindicatos de trabalhadores da empresa. “Para nós, é muito importante que podemos ganhar no curto prazo porque teremos maior segurança da prática de preços competitivos no país”, afirmou Parente.

Fonte: O Tempo – 20/04/2018

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