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Retomada das atividades favorece vendas e margens das distribuidoras de combustíveis

22 de Junho de 2020

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A flexibilização do isolamento deve levar à recuperação de vendas e margens de lucro das distribuidoras de combustíveis. A melhora não será rápida, principalmente no segundo trimestre, por conta das medidas restritivas para conter o avanço do novo coronavírus. Mas analistas dizem que o aumento da demanda por combustíveis vai favorecer, no médio prazo, os ganhos das principais empresas da área no País.

"Certamente a flexibilização do isolamento elevará a demanda por combustíveis pelo maior movimento e também por recomposição de estoques em empresas", diz Alvaro Bandeira, sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais. "Consequentemente, é de se esperar recuperação dos volumes de vendas das distribuidoras de combustíveis, porém, partindo de volumes muito baixos de abril e maio."

Para ele, a recuperação das margens deve acontecer a partir do segundo semestre, apesar de forma lenta. Bandeira afirma que é preciso, por exemplo, "avaliar em detalhes a performance da BR Distribuidora nesse segmento, no qual existem poucas grandes empresas". Logo após a divulgação do resultado do primeiro trimestre, na semana passada, o presidente da BR Distribuidora, Rafael Grisolia, disse que os impactos da queda de demanda foram fortes em março, mas que o volume de vendas de diesel já está voltando para níveis pré-crise.

A BR afirmou que os volumes de venda no Ciclo Otto (gasolina e etanol) sofreram na última semana de março redução de 55%, em relação à média diária acumulada desde o início do trimestre. Os volumes de diesel sofreram redução de 25% e os do segmento de aviação, diminuição de 60% na mesma comparação. Como consequência, os volumes médios totais do trimestre apresentaram queda de 7,4% em relação ao quarto trimestre de 2019, sendo 14,9% de redução no Ciclo Otto, 6,5% no diesel e 8,2% na aviação.

Renato Chanes, estrategista de pessoa física da Santander Corretora, no caso da gasolina e do etanol os volumes ainda continuam cerca de 15% menores do que os observados no pré-crise (embora tenham se recuperado da queda de 30% durante o mês de abril), mostrando avanços nas últimas semanas, em linha com a flexibilização das medidas de isolamento. Quanto a aviação, o cenário continua bastante desafiador, diz ele. Após uma queda inicial entre 90% e 95% em abril, as distribuidoras estão rodando ao redor de 25% da demanda pré-crise.

"Para os próximos meses, nossas expectativas são de que os volumes continuem melhorando. Uma tendência é que o etanol ganhe participação de mercado da gasolina, devido aos repasses de preços da Petrobrás e a sazonalidade favorável da cana de açúcar", afirma Chanés.

Em termos de resultados, o Santander espera que as empresas listadas tenham mais uma vez perdas com estoques no segundo trimestre, de forma similar ao observado entre janeiro e março deste ano, com volumes ainda baixos e com maiores impactos esperados na Raízen e na BR Distribuidora (por conta da exposição à aviação). Segundo o Santander, a BR Distribuidora tem maior exposição ao B2B (diesel), o que compensa parcialmente a aviação.

Custo do estoque

O custo de estoque e a falta de demanda, somada à dificuldade em repassar preços, deixaram o setor em uma situação difícil no curto prazo, para o analista da Daycoval Investimentos Enrico Cozzolino. Ele diz que o segundo semestre será importante para avaliar o possível início de uma recuperação, caso os volumes vendidos do ciclo Otto e diesel mostrem ao menos uma estabilização de quedas.

A recuperação gradual do setor é a aposta do analista da Guide Investimentos Luis Sales. Para ele, o pior momento ocorreu no meio do segundo trimestre e a recuperação já é percebida desde a segunda quinzena de maio. Para o terceiro período, o analista prevê melhora no volume e também nas margens.

"Por ser um setor altamente correlacionado com a atividade, a retomada deve impulsionar a melhora na rentabilidade das empresas. Com relação às perdas em função do preço do petróleo, observamos esse movimento já no primeiro trimestre deste ano, com o início da queda do preço do petróleo e devemos observar ainda certo impacto no segundo trimestre, mas de forma pontual, visto que os preços do petróleo  mostram uma recuperação na segunda metade do trimestre", afirma.

 

Fonte: O Estado de São Paulo 19/06

 

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