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Raízen alonga dívida com novo CRA

12 de Agosto de 2019

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A Raízen captou R$ 1 bilhão com um certificado de recebíveis do agronegócio (CRA) de dez anos — maior prazo já captado pela empresa com esse papel. É o sétimo CRA da companhia e, com ele, o instrumento passou a responder por cerca de 30% de seu endividamento total. A Raízen atua nos setores de produção de açúcar e etanol, transporte e distribuição de combustíveis e bioeletricidade.

“Temos o objetivo de estender a duração da nossa dívida. No passado, para fazer isso, só tínhamos como opção acessar o mercado externo. Agora, com essa operação, confirmamos o mercado doméstico como uma nova alternativa”, afirma Guilherme Cerqueira, vice-presidente de finanças e relações com investidores da Raízen.

Segundo o executivo, essa é uma boa notícia para o Brasil: “Acaba com aquela história de que funding de longo prazo no país só acontece via banco estatal”.

A Raízen já havia feito um outro CRA este ano, em março, que chamou a atenção da companhia pela forte demanda pelos papéis. A emissão inicialmente seria de R$ 700 milhões, mas subiu para R$ 900 milhões — também saiu com taxas menores do que as inicialmente ofertadas. O CRA tem sido muito demandado por investidores pessoa física por contar com a isenção de Imposto de Renda. A Raízen tem nota “grau de investimento” das agências Fitch e da Standard & Poor’s.

Somando as sete operações, a Raízen já levantou, nos últimos seis anos, cerca de R$ 6 bilhões com CRA. Cerqueira diz que não pretende aumentar muito esse volume, até mesmo porque, a partir deste ano, a empresa começará a fazer a troca de emissões. Em dezembro, vence o primeiro CRA, lançado em 2014. Esse tipo de operação não é renovado, pelo fato de estar pulverizada em milhares de investidores pessoa física — só nessa última oferta, foram 3,4 mil CPFs. A opção da empresa será fazer uma outra emissão para encerrar a que está vencendo, que deve girar cerca de R$ 550 milhões.

“Dependendo das condições de mercado, poderemos fazer uma emissão de tamanho semelhante ou superior ao valor que vai vencer”, afirma Cerqueira. “Vamos fazer a estruturação dentro do nosso programa anual de funding.”

Na colocação do novo CRA, ele também destaca o fato de os investidores terem majoritariamente preferido a série da emissão atrelada ao IPCA (78% do total emitido), em detrimento daquela vinculada ao CDI (22%).

O movimento está ligado ao fato de os juros brasileiros estarem no menor patamar da história e com tendência de queda.

“Nós já vínhamos oferecendo essas duas séries em outras emissões. Mas esta foi altamente concentrada na tranche de IPCA”, diz Cerqueira. Na oferta de março, a tendência já estava clara: 67% dos investidores ficaram na série IPCA.

Para a companhia, diz ele, um ou outro indicador tende a ser pouco relevante. “Avaliamos como está a taxa e decidimos se vale a pena fazer um swap de IPCA [via NTN] para o CDI. Assim é possível fazer um hedge.”

Cerqueira diz que já que o mercado doméstico ganhou mais profundidade, só falta agora as empresas tomarem decisões de captar para investir. “O crescimento esperado para o PIB deste ano, de 0,8%, ainda não é o que a gente quer. Mas confiamos que a economia vai voltar a deslanchar”, diz.

Fonte: Valor Econômico – 11/08

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