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Queda no preço dos combustíveis não chega aos postos; entenda o porquê

29 de Novembro de 2018

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A Agência Nacional do Petróleo quer que as distribuidoras de combustíveis expliquem os preços que cobram. Da refinaria até a bomba, os descontos vão sumindo.

Desde de setembro, a gasolina sai da refinaria mais barata; já acumula queda de quase 31%. Mas no caminho até a bomba, esse descontão acaba virando um descontinho.

“É coisa mínima! Diferença quase nenhuma, nenhuma”, afirma um motorista. “Só tem desconto na refinaria, né? Na bomba, ainda não vi esse desconto não”, reclama outro.

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) constatou que o preço nos postos nesse período caiu só 2%. O litro do combustível na refinaria passou a custar quase R$ 0,70 a menos. Mas, no meio do caminho, as distribuidoras baixaram, em média, só R$ 0,25, segundo a ANP. E na hora de abastecer, o litro caiu apenas R$0,10.

O preço da gasolina na refinaria, segundo a Petrobras, corresponde a um terço do valor cobrado para o consumidor final. Durante o trajeto até a bomba, o combustível vai ficando mais caro.

A distribuidora compra a gasolina pura e acrescenta os custos do etanol que é misturado, dos impostos, do frete e o lucro. Essa gasolina é vendida para os postos, que também adicionam impostos e uma margem de lucro ao produto. Tudo isso entra no valor final que o motorista sempre paga quando vai abastecer. O que não dá para entender é: se as distribuidoras compraram uma gasolina mais barata das refinarias, onde foi parar esse desconto?

Os preços cobrados pelas distribuidoras e pelos postos são livres. Eles podem vender o combustível pelo valor que quiserem. Mas a ANP quer saber por que a gasolina não está chegando com a mesma redução de preço até as bombas. A agência já cobrou explicações das distribuidoras, que vão ter 15 dias para responder.

“Ou no distribuidor ou no posto de gasolina, é onde esse desconto se perde, justamente aonde o preço é livre”, explica Fernanda Delgado, pesquisadora da FGV Energia.

Segundo a ANP, a margem de lucro dos postos brasileiros com a venda de gasolina aumentou 36,1% desde que a Petrobras começou a reduzir o preço nas refinarias. E a parte que fica com os postos chegou na semana passada a R$0,58 por litro vendido.

Nesse mercado, os preços, apesar de livres, seguem uma regra. “O preço cai como uma pluma, mas ele sobe como um foguete. Aí é que entra a questão de você incentivar a competição por uma guerra de preços”, completa Fernanda.

A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis afirmou que os postos só conseguem diminuir os preços quando as distribuidoras também reduzem e que são livres para repassar ou não a redução de preço, de acordo com seus custos. A Associação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis não quis se manifestar.

Jornal Nacional - 29/11/18

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