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Projeto da planta de amônia está cada vez mais difícil de sair do papel

31 de Outubro de 2018

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Embora a Petrobras tenha adiado a hibernação das fábricas de fertilizantes do Sergipe e da Bahia, o prefeito de Uberaba, no Triângulo Mineiro, Paulo Piau, avaliou a decisão da estatal brasileira de deixar o mercado de fertilizantes como um equívoco. Para Piau, medidas como a paralisação das unidades e o abandono do projeto de instalação de uma planta de amônia no município mineiro por parte da companhia deixarão o País ainda mais dependente do mercado internacional.

“Não é nada benéfico para a economia de um país, cuja principal pauta econômica está no agronegócio, que ele se torne ainda mais dependente da importação de fertilizantes. Se o Brasil tem hoje cerca de 75% destes insumos vindos do exterior, com o fechamento das unidades da Fafen-SE e Fafen-BA, este número poderá superar os 90%”, alertou.

Por meio de nota, a estatal informou que continua com a avaliação de alternativas à hibernação. E que está em contato com representantes dos governos e federações das indústrias. Disse que “se faz necessário este tempo adicional para a conclusão da análise das alternativas à hibernação, desde que mantidos os níveis mínimos de rentabilidade”.

“Dentre estas alternativas consta um possível processo de arrendamento das fábricas a terceiros”, acrescentou a Petrobras, completando que futuros passos no desenvolvimento das análises serão comunicados ao mercado.

Anteriormente, a petrolífera havia informado que concluiria a hibernação das unidades até hoje (31 de outubro), em um processo que se arrasta desde o começo deste ano.

Inicialmente, esperava-se que a hibernação ocorreria até o fim do primeiro semestre, data que depois passou para 31 de outubro. Agora ficou para 31 de janeiro do ano que vem.

Já a instalação da planta de amônia em Minas Gerais, até então, único grande projeto da estatal no Estado, foi abandonada pela Petrobras em 2015, com a paralisação das obras do empreendimento em julho daquele exercício.

Iniciados em 2014, os trabalhos foram suspensos com cerca de 30% de execução mediante custo de R$ 1,2 bilhão. O projeto total previa inversões de mais de R$ 2 bilhões e a previsão inicial era que a conclusão das obras ocorresse no ano passado.

Dilapidação – “O que fizeram com a planta de amônia de Uberaba foi um erro primário, uma irresponsabilidade. Tínhamos um ativo grande, um projeto promissor. Recursos foram aplicados na fundação, na estrutura e compra de equipamentos e posteriormente, deixados de lado. O mesmo agora acontecerá com as demais unidades de fertilizantes. Isso é dilapidação de patrimônio público”, denunciou o prefeito de Uberaba.

Sobre a unidade mineira, num primeiro momento, a Petrobras informava que a unidade se manteria em fases de hibernação. Paralelamente, a estatal admitia também que estudava outras opções para viabilizar a conclusão do projeto. Algum tempo depois, porém, a petrolífera iniciou processo para a venda de suas subsidiárias, incluindo os equipamentos da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados V – como foi batizado o projeto do Triângulo.

Assim, a prefeitura tomou para si a implantação do empreendimento e, há alguns meses, encomendou estudo de viabilidade econômica para a Fundação Getulio Vargas (FGV). De acordo com Piau, desde então, três relatórios parciais já foram entregues e a versão final será concluída em novembro. “Já sabemos que o negócio é viável e a partir das informações finais iremos atrás de possíveis investidores. A expectativa é que ainda em 2018 consigamos alguma negociação”, avaliou.

Diário do Comércio/Reuters – 31/10/18

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