Notícias

Produtores rurais pedem providências para o fim da crise

30 de Maio de 2018

Notícias

Catástrofe, calamidade, momento gravíssimo, situação de guerra, caos, população de joelhos, efeito devastador. Essas foram algumas palavras e expressões usadas por representantes do setor produtivo para descrever a crise gerada pela greve dos caminhoneiros.

Eles participaram, nesta terça-feira (29/5/18), de audiência pública da Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e pediram soluções imediatas para a volta à normalidade, sob o risco de um completo desabastecimento.

Mesmo manifestando apoio à demanda dos caminhoneiros pela redução do valor do diesel, os participantes enfatizaram que a hora é de voltar ao trabalho. A audiência foi solicitada pelos deputados Antonio Carlos Arantes (PSDB), presidente da comissão, e Emidinho Madeira (PSB).

Agronegócio

 A audiência discutiu, sobretudo, os impactos da crise no setor rural. Vídeos com descarte de leite e de frangos mortos e com o sofrimento de outros animais por falta de alimentos deram visibilidade às queixas de representantes dos vários setores.

No setor sucroenergético, das 34 usinas do Estado, 20 estão paralisadas e as demais devem parar até esta quinta-feira (31), segundo previsões do sindicato da categoria (Siamig). “Há nove dias não faturamos sequer um quilo de açúcar ou um litro de etanol”, apontou Mário Campos, presidente.

Enquanto muitos criticaram a atuação da Petrobras, ele afirmou que a paridade com os preços internacionais é o remédio para o setor, mas admitiu que a dose talvez tenha sido alta, com precificação quase diária. Isso teria sido agravado, segundo Campos, pela alta do preço do petróleo e do dólar.

Enquanto a crise perdura, o presidente do Siamig propôs uma atuação política para permitir às usinas fazerem o abastecimento direto de veículos como ambulâncias e viaturas nas cidades produtoras. “Somos parte da solução do problema”, ponderou. Requerimento nesse sentido foi apresentado pelo deputado Antonio Carlos Arantes e será votado na próxima reunião.

Representantes de federações e confederações, como Faemg (agricultura), Fiemg (indústria) e Ocemg (cooperativas) também deram um panorama geral dos impactos da crise, cujas consequências serão inevitáveis. O vice-presidente da Fiemg, Theodomiro Diniz, afirmou que as seguradoras já não garantem as cargas e os bancos já não descontam duplicatas.

Ainda segundo ele, a indústria alimentícia está parada e, nos supermercados, os estoques devem durar somente até esta quarta-feira (30). Diniz acrescentou que a Fiemg solicitou ao governo atuação policial dos bloqueios e uma política eficaz de comunicação das ações.

Transporte

O setor de transporte também participou da audiência. Evaldo de Matos, da Fetranscoop (cooperativas), ponderou que o recado foi dado ao governo e que é hora de voltar ao trabalho. Mas ele defendeu o monitoramento dos resultados da greve, como o desconto efetivo no preço do diesel nas bombas.

Luciano Medrado, do Setcemg (empresas de transporte de cargas), criticou a ausência do setor no gabinete de crise e afirmou que a polícia não está interferindo para evitar danos aos caminhões que estão fazendo transporte.

Geraldo Osmani, taxista da Coopertramo, solicitou à comissão que interceda junto ao gabinete de crise para destinar postos específicos para táxis. “Os aplicativos de transporte majoraram os preços em 100%. Nessa hora, o táxi pode funcionar até como ambulância”, comparou.

Requerimento nesse sentido, dos deputados Antonio Carlos Arantes e Fabiano Tolentino (PPS), foi aprovado. Os parlamentares também tiveram aprovado requerimento propondo visita de uma comissão de representantes do agronegócio ao governador.

O deputado Bosco (Avante) defendeu que os benefícios fiscais sobre combustíveis concedidos pelo governo de Minas para o transporte coletivo de passageiros sejam estendidos aos taxistas.

Fonte: ALMG – 29/05/2018

Veja também