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Produção de energia vai sustentar alta na demanda

17 de Outubro de 2019

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A capacidade de geração do setor de energia brasileiro é mais do que suficiente para suprir a demanda de produção nacional até 2023. Mesmo que o crescimento anual previsto do Produto Interno Bruto (PIB) fique até 2,5 pontos percentuais acima do projetado para os próximos anos, há “folga” entre o que o país consome e o que produz de energia. Segundo o último relatório Focus, do Banco Central (BC), o avanço do PIB previsto para 2019 é de 0,87%.

As informações foram apresentadas nesta quarta-feira (16) durante o lançamento da plataforma MegaWhat, ligada à Comerc, uma das maiores empresas do setor de energia no Brasil. O estudo desenvolvido leva em consideração dados disponíveis até agosto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

No período estudado, a oferta de energia deve chegar a 96 GW em 2023, ante 89 GW registrado neste ano. O consumo de energia, por outro lado, deve ir de 68 GW, em 2019, a 79 GW, em 2023. Isso quer dizer que, nesses quatro anos, o “respiro” entre a carga consumida e a produção de energia no país deve ser de aproximadamente 20%. Contudo, a pesquisa indica que essa diferença vai diminuir 5,9 pontos percentuais entre 2019 e 2023, indo de 23,6% neste ano para 17,7% no final do período.

A potência total instalada no Brasil nos próximos quatro anos deve ter um incremento de 9%. Atualmente, há 167 GW de capacidade no país e, em 2023, a MegaWhat prevê que esse valor será de 182 GW.

Ana Carla Petti, presidente da MegaWhat Consultoria, cita a consolidação do acordo entre Mercosul e União Europeia como possível impulsionadora dos negócios no setor de energia, assim como a reforma da Previdência. “Com isso, espera-se que mais investidores apostem no Brasil, o que deve reduzir custos para a produção de energia, principalmente de matrizes como a eólica e termelétricas a gás, menos poluentes”, diz.

Apesar de a utilização de energia renovável estar avançando no Brasil, o maior crescimento na matriz energética até 2023 será de fontes fósseis. Segundo a plataforma MegaWhat, a projeção de expansão desse tipo de produção energética no país é de 4 GW em quatro anos, o que vai incrementar sua participação na matriz atual de 20 GW para 24 GW.

O segundo maior crescimento será de energia eólica, que avançará pouco menos do que as fontes fósseis, também em 4 GW. Contudo, o maior percentual de evolução será na energia solar, que deve subir 200% em quatro anos de 2 GW para 6 GW.

Contudo, a maior utilização de termelétricas baseadas em gás natural – que são fósseis, mas poluem menos – contribui para inflar os números, explica Ana Carla Petti, presidente da Megawhat. “Esse tipo de geração aparece como boa opção em um contexto de crescimento da energia renovável”, diz.

A potência de caráter renovável no Brasil deve crescer 18% até 2023, mas ainda representará apenas 14% de sua matriz energética. Isso traduz um avanço de apenas 0,3 ponto percentual em relação à parcela atual, de 13,7%. O levantamento apurou que a energia hidráulica, responsável por 66% da produção no Brasil, não deve avançar no período e vai se manter em 110 GW. Percentualmente, sua participação na matriz vai diminuir por causa da estabilidade, representando 60% da produção de energia em 2023.

Subsídio é importante no início

Para Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia, subsídios para a geração de energia solar são importantes e têm que existir enquanto “você cria a introdução da fonte no mercado”, disse. Nesta quarta-feira, a Aneel colocou em consulta pública uma medida que propõe uma taxa sobre o valor da energia solar que o consumidor produz.

“Não sabemos ainda se é cedo ou tarde para acabar com o subsídio, mas sabemos que a energia solar vai ficar mais competitiva nos próximos anos. Pode ser que a nova resolução impacte a competitividade de alguns atores do setor em um primeiro momento, mas acredito que vá trazer benefícios no longo prazo”, completou Vlavianos.

Plataforma

Voltada para atender o mercado de energia, a plataforma MegaWhat pretende se estabelecer como uma agregadora de informações do setor e facilitar a vida de empresários, representantes do setor público e estudantes. Desenvolvida pela Comerc Energia desde o ano passado, a empresa vai reunir dados públicos, índices econômicos e previsões de mercado, explica Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc.

Fonte: Jornal O Tempo – 17/10/19

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