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Procedimentos a serem adotados pelo setor para enfrentar esta nova crise que se aproxima

03 de Abril de 2020

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Colher apenas próximo às unidades, priorizar áreas planas, produtivas e sistematizadas e não sacrificar a idade dos canaviais são algumas alternativas para as usinas enfrentarem a crise que se aproxima.

Nesta quinta-feira (02), o Grupo IDEA realizou uma “live” no Instagram para debater possíveis procedimentos a serem adotados pelas usinas brasileiras para enfrentar esta nova crise que se aproxima. Segundo o presidente da consultoria, Dib Nunes Jr., o setor sucroenergético se preparava para uma das melhores safras dos últimos anos. No entanto, a chegada do novo Coronavírus (Covid-19) afastou de vez essa possibilidade.

“A queda drástica do consumo de etanol – impulsionada pelo isolamento social da população - fez com que distribuidoras cancelassem seus contratos de compra do biocombustível. O cenário tem trazido preocupação às usinas brasileiras, que temem pela diminuição de caixa. Em paralelo, há ainda possibilidade de elevação dos custos de produção e menor preço de ATR (Açúcar Total Recuperável).”

Para Dib, neste momento de dificuldades, as usinas e agrícolas devem adotar certas atitudes visando minimizar os custos e maximizar a produtividade, aproveitando ao máximo a cana-de-açúcar que já está na lavoura, tratada e pronta para ser colhida. “Mais do que nunca precisamos de uma operação impecável, concentrando os esforços para elevar os ganhos com a safra. Colher de qualquer jeito é jogar dinheiro fora.”

A primeira dica do consultor é trabalhar com distância mais curtas, chegando até mesmo a descartar a colheita em canaviais mais distantes da unidade agroindustrial. A alternativa deverá resultar em mesma produção, porém, com menor uso da frota. “No final da safra, poderá haver desequilíbrio, porém é uma opção viável para reduzir assustadoramente os custos neste momento.”

Priorizar áreas que proporcionam melhor rendimento para a colheita mecanizada - canaviais planos, sistematizados e/ou com alta produtividade – fará com que as máquinas agrícolas tenham seu rendimento maximizado. “Infelizmente, as áreas piores deverão ser jogadas para o final do ciclo ou bisadas.”

Dib também ressalta que agora não é hora de colher canaviais de alta produtividade sacrificando sua idade pensando em melhorar os níveis de TCH (Toneladas de Cana por Hectare) da safra seguinte. Alternativa é preconizada pelo sistema de manejo conhecido como “Matriz do Terceiro Eixo”. “Este ano, não dá para fazermos isso. Temos que colher o canavial no melhor momento, maximizando a produtividade.”

O não prolongamento do ciclo caso os preços estejam ruins é outra dica do presidente do Grupo IDEA. De acordo com ele, safra debaixo de chuva é muito danosa e gera uma cana mais cara. Agora é hora de pensar em uma safra enxuta e que priorize resultados financeiros. “Tudo é diferente com chuva, sem falar que há compactação de solo; danos às soqueiras; transporte e moagem intermitentes; aumento de impurezas minerais e vegetais, perda de ATR e maior desgaste das máquinas agrícolas e industriais.”

Outro ponto abordado pelo consultor diz respeito aos tratos culturais e a renovação de canaviais. Dib foi categórico ao afirmar que os investimentos no campo não devem ser paralisados. As reformas, principalmente em canaviais velhos e poucos produtivos, também não podem ser postergadas.

“Não cortem as reformas. As áreas que não estejam produzindo precisam ser reformadas. E bem reformadas. Será um ano de dificuldades, mas temos que pensar que o canavial implantado ficará em pé por, no mínimo, cinco anos. Por conta disso, não podemos reduzir os investimentos em tratos culturais. Corram atrás mesmo se o orçamento não permitir. Pense muito bem antes de deixar um canavial ruim por mais um ano. Isso pode custar caro no futuro.”

Com relação a gestão da produção, Dib recomenda a revisão de todo o processo produtivo a fim de identificar os pontos que gerem gastos e perdas e que não estejam trazendo resultados satisfatórios. Além disso, as usinas devem analisar cada item e buscar uma padronização de atividades técnicas, procedimentos e indicadores de desempenho, o que permitirá elaborar um orçamento mínimo necessário para manter a atividade viva. “É importante também desenvolver um orçamento base zero para saber quanto pode custar cada atividade no processo produtivo de cana-de-açúcar. Isso se chama ‘custo-teto’.”

Um importante procedimento consiste em traçar metas de produtividade para os próximos cinco anos, projetando o possível lucro líquido do negócio. Fazer três cenários (pessimista, normal e otimista) e criar um plano de ação para cada um deles é outra atitude recomendada por Dib.
“As unidades devem também colocar em prática o que foi planejado, conversando com cada colaborador, passando para eles as metas diárias de trabalho para que seja possível se enquadrar dentro do orçamento desejado. Além disso, para não perder o foco, os gestores devem conferir diariamente o desempenho dos colaboradores com relação aos objetivos traçados e redirecioná-los o tempo todo em cada uma das etapas do processo produtivo.”

Ao final da “live”, o presidente do Grupo IDEA afirmou que o setor já passou por inúmeros crises. Esta talvez seja uma das mais difíceis. Porém, ele acredita que o segmento conseguirá sobreviver, saindo dela ainda mais “forte, organizado e competitivo”.

 

Fonte: Cana Online - 03/04

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