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Preço do etanol deve estimular consumo

18 de Agosto de 2017

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A moagem da safra de cana-de-açúcar em Minas Gerais, até 1º de agosto, somou 33,38 milhões de toneladas. O volume, que representa 54,72% da safra total, está praticamente igual ao registrado no mesmo período do ano passado, com pequena retração de 1,68%. Com mais da metade da safra de cana esmagada, a oferta de etanol é favorecida e pela terceira semana seguida, o preço do biocombustível em Minas Gerais está mais competitivo que o da gasolina, o que deve estimular o consumo.

De acordo com o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, a expectativa é que os preços do etanol nos postos de combustíveis se mantenham competitivos ao longo dos próximos meses, o que permitirá o aumento do consumo.

“Com os preços mais competitivos, esperamos recuperar parte da demanda que nós perdemos nos últimos meses. O nosso recorde de consumo em Minas foi alcançado em outubro de 2015, quando foram consumidos 200 milhões de litros de etanol”, disse.

Os últimos dados disponíveis mostraram que, em junho, o consumo de etanol estava em torno de 100 milhões de litros no Estado. Com a retomada da competitividade e a possibilidade de manutenção dos preços, Campos espera um crescimento em torno de 20%, atingindo uma média de 120 milhões de litros ao mês, durante julho, agosto e setembro.

Segundo dados da Siamig, o preço médio do litro do etanol hidratado praticado, em Minas Gerais, no fechamento da última semana - 6 a 12 de agosto - ficou em R$ 2,64, enquanto o valor pago pela gasolina foi de R$ 3,80. Com estes valores, a paridade (69,4%) ficou favorável ao biocombustível.

No mesmo período, em Belo Horizonte, o preço médio do etanol hidratado ficou em R$ 2,57 e o da gasolina R$ 3,67, gerando uma paridade de 69,9%, também favorável ao etanol.

Campos destaca que, até 1º de agosto, Minas Gerais havia esmagado metade da cana-de-açúcar prevista para a safra atual, o que possibilita uma modificação de mix, caso seja necessário. No Estado, a produção de etanol hidratado está 17,5% menor, com a fabricação de 706 milhões de litros até primeiro de agosto. A redução se deve à queda no consumo.

“Ainda falta metade da nossa safra para ser produzida e isso possibilita uma modificação de mix, com uma produção maior de etanol, o que não estava ocorrendo uma vez que o cenário do etanol estava muito ruim”, disse Campos.

Até junho, a competitividade do etanol vinha sendo prejudicada em Minas Gerais pela retomada da cobrança do Programa de Integração Social e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins), que passou a vigorar em janeiro de 2017.

Parte da competitividade foi retomada em julho, quando o governo federal reajustou a alíquota do PIS/Cofins incidente nos combustíveis. O reajuste também atingiu o etanol, porém o índice foi menor que o da gasolina.

Outro ponto que está prejudicando a competitividade do biocombustível no País é o aumento significativo das importações de etanol de milho provenientes dos Estados Unidos. Entre janeiro e julho, as importações somaram 1,35 bilhão de litros, alta de 282% frente ao volume importado em igual período do ano anterior.

O setor produtivo apoia a proposta feita pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que propõe o estabelecimento de uma cota anual de importação, sem imposto, de 600 milhões de litros e a cobrança de uma taxa de 20% sobre o volume excedente. A decisão sobre o assunto deve ser anunciada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) no dia 23 de agosto.

 “Não somos contra as importações, a questão é quando as importações saem dos trilhos, como aconteceu este ano, que foi um surto. Nossa preocupação é que os Estados Unidos têm um superávit estrutural do produto e isso pode representar futuras grandes importações para o Brasil. Recentemente, a China aumentou a alíquota de importação de 5% para 30%, a União Europeia tem questionamentos comerciais contra os produtores de etanol americanos e o Canadá tem um mercado muito pequeno, então sobrou o Brasil. Os EUA estão desovando o etanol no País e isso pode trazer consequências muito ruins para o produtor nacional”, disse Campos.

(Fonte: Diário do Comércio – 18/08/17)

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