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Petróleo rouba a cena e ações sobem, apesar de dado negativo nos EUA

03 de Abril de 2020

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O número de novos pedidos de seguro-desemprego anotou novo recorde na semana passada, de acordo com dados divulgados mais cedo, mas é o petróleo que toma o centro das atenções dos investidores hoje, em uma sessão volátil para os mercados financeiros globais.

Os contratos futuros do petróleo dispararam depois que o presidente americano, Donald Trump, disse por meio do Twitter que espera ver uma redução de pelo menos 10 milhões de barris por dia na produção de petróleo global.

“Acabei de conversar com meu amigo [Mohammad Bin Salman, príncipe herdeiro] da Arábia Saudita, que falou com o presidente [Vladimir] Putin da Rússia. Eu espero e torço que eles estejam cortando aproximadamente 10 milhões de barris e talvez substancialmente mais”, escreveu Trump.

Os preços da commodity dispararam após os comentários de Trump. O contrato do Brent para junho chegou a subir 46,68% na máxima intradiária, tocando os US$ 36,29 por barril, mas operava há pouco em alta de 23,24%, a US$ 30,55 por barril. O do WTI para maio avança 24,42%, a US$ 25,25 por barril, depois de tocar os US$ 27,39 por barril, com alta de 34,8%.

O petróleo moderou os ganhos depois que Moscou negou que Putin tenha conversado com o Bin Salman sobre o assunto, mas recebe algum suporte com a Arábia Saudita tendo convocado mais cedo uma reunião emergencial da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) para discutir a situação do mercado.

O mercado acionário segue a liderança da commodity, com os índices americanos sendo puxados para cima pela alta das grandes companhias de petróleo americanas, levando o setor de energia do S&P 500 a subir mais de 10%, na ponta positiva da sessão. Há pouco, o Dow Jones operava em alta de 1,82%, a 21.325,51 pontos, enquanto o S&P 500 sobe 1,90%, a 2.517,35 pontos, e o Nasdaq avança 1,46%, a 7.468,21 pontos.

Os investidores seguem cautelosos com as companhias menores de extração de petróleo, porém, para as quais as perspectivas são menos positivas. Sem outros negócios para gerar receita, como o de distribuição de gasolina, as empresas sofrem risco maior de fechar e, ontem, a Whiting Petroleum abriu pedido de falência.

Na Europa, o Stoxx Europe 600 fechou em alta de 0,42%, a 312,08 pontos. O FTSE 100, referência da bolsa de Londres, subiu 0,47%, a 5.480,22 pontos, o DAX, de Frankfurt, avançou 0,27%, a 9.570,82 pontos, e o CAC 40, de Paris, ganhou 0,33%, a 4.220,96 pontos.

Mesmo um novo dado recorde de pedidos de seguro-desemprego não está se mostrando suficiente para apagar o otimismo com o petróleo no mercado acionário, mas a preocupação com os efeitos econômicos da pandemia do coronavírus ajuda os ativos mais defensivos.

O número de pedidos iniciais de seguro-desemprego disparou a 6,64 milhões, dobrando o número recorde anotado na semana passada, de 3,28 milhões. Devido às incertezas em torno do número, as expectativas tinham grande amplitude, com a Dow Jones reportando um consenso de 3,1 milhões e a Bloomberg, de 3,5 milhões. Mas até mesmo as estimativas mais pessimistas - como a projeção de 6 milhões do Goldman Sachs - ficaram aquém do número final.

O dólar começou a subir depois da divulgação do dado e segura os seus ganhos, com o índice dólar DXY operando há pouco em alta de 0,40%, a 100,076 pontos. O dólar tem se comportado como um ativo de proteção nas últimas semanas, com os investidores buscando a moeda em resposta a pioras dos temores sobre o coronavírus.

No mercado de renda fixa, os rendimentos dos Treasuries de 10 anos caem para 0,602%, de 0,635 do fechamento da sessão anterior. Os juros dos títulos americanos de 30 anos também recuam para 1,251%, de 1,289 de ontem, enquanto as notas com vencimento de dois anos cedem a 0,206%, de 0,234% do último fechamento.

 

Fonte: Valor Econômico - 02/04 

 

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