Petróleo dos EUA salta com remédio para Covid-19 e crescimento menor de estoque

Os preços do petróleo nos EUA saltaram 25%, estendendo sua extrema volatilidade nas últimas duas semanas, com investidores respondendo a avaliações positivas de um medicamento contra coronavírus fabricado pela Gilead (NASDAQ:GILD) que aumentou as esperanças recuperação de uma economia prejudicada no primeiro trimestre pela pandemia.

Do ponto de vista dos fundamentos do petróleo, o crescimento semanal dos estoques publicado pela Administração de Informação de Energia veio abaixo do esperado, achatando a curva do próprio mercado em relação aos aumentos de estoque.

O WTI de junho subia US$ 2,86, ou 23%, para US$ 15,20 por barril às 16h10 (horário de Brasília).

O Brent, índice de referência global para o petróleo negociado em Londres, subia US$ 1,33, ou 5,8%, a US$ 24,07.

Os preços do petróleo balançaram muito nos últimos dias, com os investidores tentando equilibrar o otimismo em relação à reabertura de negócios nos Estados Unidos após um bloqueio de seis semanas versus ameaças contínuas do Covid-19 à saúde dos americanos e da economia.

O WTI caiu 25% na segunda-feira, com a preocupação de que os Estados Unidos fiquem sem espaço para armazenar petróleo, já que os cortes na produção do maior produtor do mundo continuam sem dar conta da demanda perdida para o Covid-19. A pandemia custou ao mundo entre 20 e 30 milhões de barris por dia em demanda, contra os esforços globais para reduzir a produção em 10 milhões de bpd ou mais.

Enquanto isso, a economia dos EUA encolheu 4,8% no primeiro trimestre do ano, quando a pandemia de coronavírus fechou as empresas desde meados de março, dando à maior economia do mundo o maior declínio desde a Grande Recessão, informou o Departamento de Comércio.

Mas, hoje, os mercados se concentraram no anúncio da Gilead do progresso em seu medicamento remdesivir. A empresa disse que um estudo de estágio 1 do medicamento mostrou sintomas melhorados em pacientes com coronavírus que receberam o medicamento precocemente. O efeito sobre aqueles que receberam posteriormente, no entanto, não foi tão positivo, disse Gilead.

Mas o consultor de saúde da Casa Branca, Anthony Fauci, elogiou o progresso do remdesivir, dizendo que eram "boas notícias" e apresentavam "efeito positivo nítido na diminuição do tempo de recuperação".

Analistas de petróleo, no entanto, disseram que a recuperação da commodity ainda dependeria da rapidez com que a economia dos EUA se recuperasse para absorver um mar de suprimentos indesejados no mercado agora.

"O foco mudará rapidamente para o segundo trimestre e, apesar do otimismo contínuo de reabertura, a economia ainda poderá encolher entre 30-40%", disse Ed Moya, analista da plataforma de comércio online OANDA, sediada em Nova York.

“É preciso que muita coisa dê certo para que a atividade econômica dos EUA se recupere rapidamente, e muito disso dependerá da disponibilidade de testes rápidos e generalizados, da aprovação de tratamentos e da capacidade das empresas farmacêuticas de aumentar a produção nacional e internacionalmente”, acrescentou. "O otimismo parece justificado, mas pode ser melhor para o terceiro trimestre."

Os estoques brutos cresceram em 9 milhões de barris na semana passada, anunciou o EIA, em comparação com as expectativas dos analistas de um aumento de 10,6 milhões de barris. Os estoques de petróleo subiram 15 milhões de barris na semana anterior.

Os estoques de gasolina, surpreendentemente, caíram 3,7 milhões de barris, contra uma expectativa de aumento de 2,5 milhões de barris. Na semana anterior, os estoques de gasolina aumentaram em 1 milhão de barris.

Fonte: Investing.com – 29/04