10 de Julho de 2020
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A visão do mercado financeiro em relação ao meio ambiente passa por uma mudança. “Antes, a gente enxergava apenas como um risco. Hoje, o tema está mais atrelado a um sentido de oportunidade”, afirma Paula Kovarsky, chefe do escritório de Nova York da Cosan e diretora de relações com investidores. “Veja o caso dos green bonds que emitimos recentemente. Um quarto do total alocado veio de fundos ESG (meio ambiente, social e governança, na sigla em inglês)”.
Kovarsky se refere à emissão de títulos verdes, que são títulos de dívida atrelados a metas ambientais e sociais, feita pela Rumo, maior empresa de transporte ferroviário do Brasil, parte do grupo Cosan. No total, a companhia levantou 500 milhões de dólares, conforme o previsto, com prazo de sete anos e uma taxa prefixada de 5,25% — dentro da indicação sugerida para a operação.
A demanda pelo papel foi quase cinco vezes maior do que a oferta. “Ter uma atuação com base nos princípios ESG dá acesso a um número maior de investidores”, afirma a executiva. “Ainda não é excludente, mas, no futuro, empresas que não são ESG terão dificuldade de se financiar”.
O alinhamento da Cosan com a agenda ambiental decorre de uma série de compromisso feitos pela empresa. O objetivo é promover uma atuação responsável, que favoreça o desenvolvimento socioambiental nas regiões onde atua e a construção de uma infraestrutura logística e de energia mais limpa.
Esse posicionamento levou a empresa a assinar uma carta endereçada ao vice-presidente Hamilton Mourão, há dois dias, solicitando ações do governo contra o desmatamento da Amazônia e a favor de um plano de retomada pós-pandemia calcado na economia de baixo carbono. A iniciativa, capitaneada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), contou com a participação de 38 grandes companhias.
Nessa nova realidade financeira global, o Brasil tem a chance de se destacar. A Cosan, por sua atuação no setor sucroenergético, espera se beneficiar de um mundo com menos emissões, já que seu combustível, o etanol, é mais eficiente do que a gasolina e o diesel. “Se considerarmos toda a cadeia de produção de automóveis, o etanol emite menos carbono do que o carro elétrico”, afirma Kovarsky. “Essa é uma vantagem competitiva do Brasil”.
Mas, para fazer valer essa condição, é preciso mostrar ao mundo, e aos investidores, o compromisso com a agenda ambiental.
Mourão pede recursos, mas investidores cobram resultados
Na manhã de ontem (9), o governo realizou uma reunião com investidores estrangeiros para tentar convencê-los de que tem atuado para reduzir o desmatamento na região da Amazônia Legal. A ideia é propor que a iniciativa privada invista financeiramente na preservação ambiental no Brasil.
Após a reunião, o vice-presidente da república, Hamilton Mourão, disse que os investidores internacionais querem “ver resultados” na área ambiental para destinar recursos para o Brasil. Mourão ressaltou que os investidores não se comprometeram com investimentos. Hoje, está programada outra reunião, desta vez com empresas signatárias da carta, como a Cosan.
Fonte: Nova Cana - 10/07
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