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País pode lucrar com commodities

01 de Fevereiro de 2017

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Como o cenário econômico mundial se mostra ainda nebuloso, especialistas se dividem quanto à possibilidade da tão propalada recuperação global ocorrer em 2017. Para alguns, a retomada não passa, pelo menos por enquanto, de uma hipótese, que vai se "alimentando" de especulações políticas.

 Outros, porém, acreditam que países como Estados Unidos e China já dão sinais de crescimento, confirmando as expectativas de parte do mercado. Divergências a parte, ambos os lados concordam em um aspecto: se efetivamente ocorrer a recuperação, o Brasil pode "pegar uma carona"
e se beneficiar com o aumento da demanda por commodities.

O caminho pode estar na América do Norte, mais precisamente nos Estados Unidos. Na visão de analistas do mercado financeiro, se a proposta do presidente Donald Trump de destinar US$ 1 trilhão em dez anos para investimentos em infraestrutura nos EUA realmente se concretizar, o Brasil poderá levar uma grande vantagem, principalmente nas exportações de minério de ferro. O aquecimento na economia mundial poderá puxar ainda as negociações de outras matérias-primas nacionais, como petróleo e soja.

"Se o Trump fizer esse esforço para ativar a infraestrutura dos EUA, haverá mais consumo de aço, de cobre e minério de ferro. Então, há sim a possibilidade de ter um incremento no Brasil em função da maior demanda dos EUA por essas commodities. Ao mesmo tempo, a economia global está dando sinais de crescimento neste ano. A China, por exemplo, estamos projetando um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de 6%. Então, a economia internacional deve crescer neste ano, o que traz aumento da procura por matérias-primas", ressalta o analista do Banco Geração Futuro, Rafael Weber.

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro destaca que, desde a eleição de Trump, o preço do minério de ferro subiu 70%, com a tonelada sendo negociada ao mercado externo por US$ 58.  O dirigente atribui a alta da cotação do petróleo à política adotada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em 2016. A entidade optou por reduzir a produção do combustível fóssil a partir deste ano com o objetivo de trazer estabilidade ao mercado.

As duas commodities, somadas à soja, para Castro, serão responsáveis por impulsionar as exportações brasileiras em 2017, já que a expectativa é por queda nas vendas dos manufaturados. Segundo o presidente da AEB, as negociações das matérias-primas com o mercado externo devem garantir o superávit previsto pela entidade de US$ 51 bilhões na balança comercial do Brasil neste ano. Entretanto, ele lembra que tudo isso depende de como será a relação de Trump com os chineses. Em sua campanha, o presidente dos Estados Unidos ameaçou adotar medidas comerciais contra a China caso fosse eleito.

"Dependendo do que o Trump fizer em relação à China, pode afetar o Brasil. A China é o maior importador de commodities do mundo. Se os EUA adotarem medidas contra o país asiático, a China vai ter de exportar menos para os EUA, com isso vai comprar menos matéria-prima. Reduzindo a demanda da China, certamente os preços vão cair. Cai preço, cai quantidade e aí o Brasil seria duplamente afetado", destaca Castro.

(Fonte: Diário do Comércio – 1/2)

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