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País facilita importação de etanol, mas quer exportar mais açúcar

04 de Setembro de 2019

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O setor produtivo de etanol no Brasil aprovou a portaria do Ministério da Economia (ME) que eleva de 600 milhões de litros para 750 milhões de litros a cota anual para a importação do combustível sem tarifa de importação de 20% nos próximos 12 meses. A esperança é que a medida, publicada nesse fim de semana no “Diário Oficial da União” (DOU) como um aceno ao mercado norte-americano, estreite relações comerciais entre os países e abra mercado para o açúcar.

“Embora o setor defendesse a cota para importação (de etanol), o governo fez movimento inteligente, conseguindo conciliar abertura de mercado com preservação da indústria”, avalia o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Evandro Gussi.

Produtores do combustível acreditam que, apesar de aumentar a competitividade no mercado interno, a decisão pode abrir espaço para o açúcar brasileiro no mercado norte-americano. Além disso, Gussi afirmou que, em contrapartida à portaria, há um indicativo do governo federal para a implementação do padrão de combustível E15 no país, que aumentaria em cinco pontos percentuais a quantidade de etanol misturado à gasolina brasileira, passando de 10% para 15%.

Os Estados Unidos são os maiores exportadores do combustível para o Brasil, responsáveis por 93% das compras no país. De acordo o ME, entre janeiro e julho de 2019 os norte-americanos venderam cerca de US$ 456 milhões para o Brasil e compraram US$ 296 milhões em etanol brasileiro.

Entretanto, o aumento da quantidade de combustível estrangeiro no país é pequeno se comparado à produção nacional. Em média, o consumo doméstico de etanol gira em torno de 1,7 bilhão de litros, enquanto a produção do combustível no Brasil foi de 33,1 bilhões entre 2018 e 2019. Minas Gerais é o quarto Estado em volume de produção de etanol no país, com 3,2 bilhões de litros.

De acordo com Gussi, a aproximação entre os dois países é estratégica. “Ao mesmo tempo, conseguimos abertura de mercado e proteção da competitividade brasileira, sem que o aumento ultrapassasse o limite que traria efeitos devastadores”, destaca. Segundo ele, há chance de que o preço ao consumidor final caia.

Excedente de combustível pode pressionar preços para baixo

Apesar de o setor produtivo de etanol ter sido favorável ao aumento da cota de importação de etanol com isenção de tarifa, ainda não é possível saber como serão os desdobramentos da medida na economia brasileira. De acordo com o consultor de mercado da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro, é preciso ter atenção com os efeitos da portaria no setor produtivo. Ele explica que há muito volume excedente de etanol no mercado norte-americano, e, por isso, os preços tendem a vir para o Brasil abaixo daqueles praticados pela indústria nacional.

Apesar disso, ele acredita que a abertura do mercado é um movimento importante: “Ampliamos a cota de importação, e isso significa que o volume de etanol estrangeiro será maior no país. Com preços muito abaixo, pode ser preocupante. Contudo, o ganho na relação comercial com os Estados Unidos é muito positivo”.

O Tempo - 04/09/19

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