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ONU vê tendência de preços estáveis para commodities

12 de Dezembro de 2017

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Os preços de commodities tendem a subir pouco até 2030, com possível exceção da cotação do petróleo. Uma tendência de declínio dos preços no longo prazo pode ser ocasionalmente interrompida por algumas altas.

A projeção é do "Relatório sobre Commodities e Desenvolvimento 2017", publicado ontem pela Unctad (agência da ONU para Comércio e Desenvolvimento) e FAO (Agência da ONU para Agricultura e Alimentação).

As tendências de preço e volatilidade das commodities continuam a ser um tema de preocupação para a economia mundial, destacou o secretário-geral da Unctad, Mukhisa Kituyi, ao apresentar o relatório em Buenos Aires à margem da conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Pelas simulações da ONU os preços de alimentos devem ter uma alta de 1,4% até 2030. A tendência de preço modesto ocorre num cenário em que a agricultura responde à alta da demanda com o crescimento da população mundial e maior renda, intensificando a produção e o rendimento.

Por sua vez, os preços de matérias-primas não alimentares poderão subir 11% até 2030. Já a cotação do petróleo pode aumentar 50% no mesmo período.

Diferentes regiões enfrentarão diferentes cenários. Na África, os preços de alimentos devem cair em razão da alta da produção. Na Ásia, os preços devem subir por causa da maior demanda, apesar dos ganhos de produtividade. "Os países em desenvolvimento enfrentarão diferentes desafios", diz o secretário-geral da Unctad.

Globalmente, o relatório avalia que o aumento na produtividade agrícola deve ficar em linha com a demanda e resultar em modesta alta nos preços de cereais. Os preços de carne bovina, de especial importância para o brasil, também podem ter leves altas.

Para Mukhisa Kituyi, as tendências delineadas no relatório deveriam fazer com que os países mais dependentes de vendas de matérias-primas tentem realmente diversificar suas economias, para não sofrer maior impacto em seu desenvolvimento.

Unctad calcula que 64% dos países em desenvolvimento são dependentes de vendas de commodities, e a vulnerabilidade de alguns deles tem aumentado.

O cenário para os próximos anos está longe do "boom" de preços ocorrido entre 2003-2011, que elevou a renda da exportação e, no geral, a taxa de crescimento de vários países. A Unctad destaca que essa tendência desacelerou ou foi revertida desde a estabilização dos preços em níveis mais baixos.

O relatório apresenta estudos de commodities em vários países. Por exemplo, o caso da soja na Argentina e no Brasil. A ONU concluiu que no Brasil os altos preços internacionais da commodity se traduziram em uma significativa expansão da cadeia de valor da soja, que contribuiu para o crescimento econômico do país. Porém, na Argentina, a taxação sobre a exportação de soja teve um impacto negativo.

Fonte: Valor Econômico – 12/12/17

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