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Onda de calor pressiona economias da Ásia

30 de Julho de 2018

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Recentes condições climáticas atípicas na Ásia, na forma de ondas de calor e chuvas torrenciais, têm cobrado uma conta bem cara, tanto em vítimas quanto em termos econômicos.

No Vietnã, enchentes provocadas por chuvas torrenciais em 18 de julho provocaram mais de 30 mortes. No sul do Laos, uma represa se rompeu no dia 23 de julho após fortes chuvas, o que deixou centenas de pessoas desaparecidas e mais de 6,6 mil desabrigados.

Ambos os desastres colocam em evidência o impacto que pode ser provocado pelas condições climáticas fora do comum na região. O Vietnã já havia contabilizado prejuízos de 60 trilhões de dongs vietnamitas (US$ 2,58 bilhões) com as enchentes e outros desastres naturais em 2017, 50% a mais do que no ano anterior, segundo dados do governo. A represa destruída no Laos fazia parte do projeto da usina hidrelétrica de Xe-Pian Xe-Namnoy, de cinco anos e US$ 1 bilhão, que envolveu empresas do Laos, Tailândia e Coreia do Sul.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou na semana passada que as ondas de calor estão se espalhando pelo mundo e avisou que as condições climáticas extremas continuarão por algum tempo. Especialistas defendem a necessidade de medidas coordenadas nas esferas nacional, regional e mundial para conter a crise.

No dia 23 de julho, o Japão registrou a temperatura recorde de 41,4° C em Kumagaya, cidade perto de Tóquio. De acordo com a Agência de Supervisão de Incêndios e Desastres do país, os hospitais trataram 22.647 pessoas na semana anterior à esse dia com problemas de insolação, o maior número em dez anos, e houve 65 mortes por doenças relacionadas ao calor.

Em junho, enchentes e desabamentos de terra no oeste do país deixaram o governo com uma conta de 270 bilhões de ienes (US$ 2,44 bilhões) para pagar pela reconstrução das áreas destruídas pelos desastres.

As temperaturas atipicamente altas também têm afetado a Coreia do Sul, com os termômetros marcando mais de 37° C em muitas regiões. A Korea Electric Power Corp (Kepco) atribuiu às condições climáticas extremas os blecautes que afetaram milhares de residências em Seul e Busan, por causa do aumento do uso de ar-condicionado.

A China também não foi poupada. No dia 23 de julho, Pequim foi atingida por um tufão, o primeiro em 13 anos. Houve notícias de alagamentos pela cidade e seu principal aeroporto internacional, Pequim-Capital, cancelou 86 voos. O tufão veio na esteira de grandes enchentes no oeste da China que provocaram prejuízos de 2,4 bilhões de yuans (US$ 35 milhões) na província de Sichuan e de 1,47 bilhão de yuans na de Gansu.

O governo alocou 170 milhões de yuans em assistência emergencial para as duas províncias.

Na Índia, a cidade de Calcutá, teve sua maior temperatura para o mês de junho em 13 anos, com o calor chegando a 40,6° C - cerca de 7° C acima do normal para o mês.

O subsecretário do Ministério do Interior da Índia, Kiren Rijiju, informou o Parlamento na semana passada que o calor provocou 3.560 mortes no país desde 2015, sendo que 2.389 das vítimas eram do Estado de Andhra Pradesh, no sul do país.

Segundo relatório do Banco Mundial, o aumento das temperaturas e a mudança nos padrões de chuva das monções podem custar à Índia 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2050.

Embora não haja consenso sobre o que está por trás do clima atípico, a OMM destacou que há relação com o aquecimento mundial resultante das emissões de gases causadores do efeito estufa.

Há esforços internacionais em andamento para combater o aquecimento do planeta, mas alguns países ainda não entraram na linha, em especial os EUA do presidente Donald Trump, que decidiu abandonar do Acordo de Paris sobre o clima.

Além disso, vários países emergentes argumentam que os principais culpados do problema são os países desenvolvidos e se recusam a reduzir as emissões, por temer que isso possa atrapalhar seu desenvolvimento.

Tais posicionamentos não trazem bons presságios para lidar com o que rapidamente vem se tornando uma crise mundial, uma vez que as ondas de calor, as chuvas pesadas e outras condições climáticas anormais deverão continuar no futuro próximo.

Fonte: Valor Econômico - 30/07/2018

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