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'Nunca esteve tão perto', diz novo embaixador sobre acordo com EU

18 de Maio de 2018

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O secretário-geral do Itamaraty, Marcos Galvão, reiterou nesta quinta-feira (17/05) o otimismo do governo com a conclusão do acordo de livre comércio União Europeia-Mercosul neste ano e disse que as restrições sanitárias impostas por Bruxelas à carne de frango brasileiras não afetam a reta final das tratativas. "Nunca estivemos tão perto", ressaltou o embaixador.

Indicado para chefiar a missão do Brasil junto à UE, ele foi aclamado nesta quinta por parlamentares durante sua sabatina na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. Sua transferência efetiva, no entanto, deve ocorrer apenas na virada do ano.

Galvão vê condições, pelo menos, de uma "declaração política" de que as negociações foram bem-sucedidas. Conforme ele explicou aos senadores, trata-se de prática comum, como no tratado comercial UE-Japão. Nesse caso, houve seis meses de discussões para a conclusão dos detalhes técnicos.

O embaixador lembrou que há 12 grupos negociadores entre europeus e sul-americanos, negociando questões específicas, como serviços, acesso a bens industriais e agrícolas, propriedade intelectual, entre outros. "Restam pendências em poucos deles."

Em alusão ao embargo aplicado pela UE contra 12 frigoríficos brasileiros, Galvão disse que medidas sanitárias e fitossanitários não contaminam, "sem trocadilhos", as negociações do acordo de livre comércio. No entanto, ele chamou de "excessiva" a suspensão por Bruxelas das importações de pescados brasileiros e afirmou que é preciso manter uma postura vigilante contra a transformação de normas de sanidade animal ou vegetal em simples barreiras protecionistas.

Independentemente do sucesso nas negociações comerciais, a UE é um parceiro de destaque no comércio com o Brasil, destacou o embaixador. Nos quatro primeiros meses deste ano, segundo ele, as exportações de produtos brasileiros para o bloco estão crescendo 34,4% sobre igual período de 2017 - contra 5,8% de aumento para os Estados Unidos e 4% para a China. Além disso, o Brasil já se tornou a quarta maior fonte de investimentos diretos em países europeus, com 127 bilhões de euros acumulados.

Questionado pelos senadores sobre a possibilidade de que mais países deixem a UE, Galvão reconheceu que essas incertezas foram grandes "no imediato pós-Brexit", mas não vê hoje o crescimento da probabilidade de novas retiradas.

Para o secretário-geral, a popularidade de pertencer ao bloco está declinando na maioria dos sócios, mas os atuais líderes não sinalizam disposição em convocar referendos para deliberar sobre o tema. "No caso do Reino Unido - diplomaticamente vou evitar opiniões sobre a política interna de outros países -, há analistas que dizem ter havido, talvez, erro de cálculo do então primeiro-ministro [David] Cameron."

Fonte: Valor Econômico – 18/05/2018

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