10 de Julho de 2017
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Embora sem grandes impactos para o etanol no curto prazo, a nova política de preços da Petrobras, em vigor a partir desta semana, reforçou os apelos do setor sucroenergético por um diferencial tributário entre os derivados de petróleo e o álcool, especialmente em um momento em que sua competitividade é ameaçada pelos preços baixos do combustível fóssil.
A nova política da estatal prevê reajustes mais frequentes para as cotações de gasolina e diesel nas refinarias, rompendo com as revisões mensais em vigor desde outubro de 2016.
Num ambiente de preços de petróleo pressionados, que seriam repassados à gasolina, isso representaria dificuldades adicionais para o setor de combustível renovável.
"O grande problema é estarmos em um cenário de queda nos preços da gasolina no mercado internacional", disse à Reuters o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica-SP), Antonio de Padua Rodrigues.
Ele comentou que a nova política da Petrobras, ainda que no momento tenda a ser desfavorável ao setor de etanol, atende um pleito antigo do segmento, de seguir valores de mercado.
"Assim, o que está faltando neste momento é restabelecer o diferencial tributário com o etanol, valorizar as vantagens ambientais do biocombustível", acrescentou Rodrigues.
Na mesma linha, o presidente da consultoria Datagro, Plinio Nastari, explica que falta um "componente fiscal", como uma "Cide flexível", à formação de preços de combustíveis no Brasil.
"A Cide serviria como um colchão de amortecimento das variações do petróleo e da gasolina no mercado internacional", afirmou Nastari à Reuters, referindo-se à Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que incide sobre combustíveis.
Em linhas gerais, disse o presidente da Datagro, uma queda no preço da gasolina seria compensada pelo aumento da Cide, e vice-versa, o que contribuiria para manter a competitividade do álcool.
Para o diretor da comercializadora Bioagência, Tarcilo Rodrigues, as usinas têm desafios adicionais com essa nova política da Petrobras. "Mudou muito o jogo, a forma de jogar, de entender esse mercado, o que será vendido lá na frente", disse à Reuters, por telefone.
"É algo bom, a previsibilidade, mas vai exigir uma disciplina, um conhecimento muito maior (pelas usinas). Teremos de aprender a trabalhar nesse mundo", avaliou.
No curto prazo, porém, a influência é menor. Padua, da Unica-SP, avalia que a decisão da Petrobras não deve mexer com o mix de produção na atual safra 2017/18 de cana no centro-sul do país, que vai de abril deste ano a março do próximo.
"O estoque de anidro é regulado, e neste momento há maior produção de açúcar para atender os compromissos. E com o etanol hidratado vai ser uma política de preços. Tem (empresas) que vão ser mais agressivas, vendendo mais na safra, e aquelas menos agressivas, vendendo na entressafra", disse, referindo-se ao período de janeiro a março, quando a produção é menor e os preços, consequentemente, mais altos.
A entidade espera que, no ciclo vigente, em torno de 47 por cento da oferta de cana seja direcionada para a fabricação de açúcar e os outros 53 por cento, para etanol, ante 46,30 por cento e 53,70 por cento em 2016/17, respectivamente
(Reuters - 07/07/17)
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