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Noruega anuncia nova meta climática de 50% de corte nas emissões de gases-estufa em 2030

10 de Fevereiro de 2020

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A Noruega anunciou que irá aumentar sua meta climática de corte de emissões de gases-estufa. O maior produtor de petróleo da Europa irá ampliar sua ambição e cortar, no mínimo, 50% da emissão em 2030 em relação aos níveis de 1990. O compromisso anterior, registrado no Acordo de Paris, era de 40%. A Noruega é um dos primeiros países a rever sua meta climática. É o primeiro entre os industrializados.

“O novo e fortalecido compromisso de reduzir emissões da Noruega é de, no mínimo 50%, indo em direção a 55% em 2030 em relação aos níveis de 1990”, segundo nota do Ministério do Clima e Meio Ambiente, informou a Reuters.

Entre as regras do Acordo de Paris está o compromisso de os países submeterem novas metas climáticas, as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), a cada cinco anos. A ideia é acompanhar as novas referências científicas sobre como enfrentar a mudança do clima.

Segundo lembra a nota do ministério norueguês, 2020 é a primeira vez que os países irão apresentar objetivos atualizados, e o deadline é 9 de fevereiro. “O Acordo de Paris também esclarece que a NDC deve representar um avanço e refletir a maior ambição possível do país”, diz o comunicado.

A Noruega é o terceiro país a submeter uma nova NDC, depois das Ilhas Marshall e do Suriname, segundo o site NDC tracker. Outros 107 países anunciaram a intenção de tomar a iniciativa antes da conferência do clima deste ano, a CoP 26, em Glasgow.

“A mudança climática é o maior desafio do nosso tempo, e a Noruega assumirá um papel de liderança no corte de emissões, nacional e internacionalmente”, disse o ministro das Finanças Jan Tore Stanner, no comunicado. “O fato de a Noruega agora intensificar e fortalecer sua meta climática para 2030 pode pavimentar o caminho para outros países fazerem o mesmo”, continuou.

As emissões norueguesas praticamente não crescem, segundo os dados mais recentes. Em 2018 subiram apenas 1% sobre os níveis de 1990, segundo a Reuters. Petróleo e gás contribuem com mais de 25% das emissões do país, estimadas em 52 milhões de toneladas de CO2 anuais.

“A Noruega está demonstrando o tipo de liderança necessária para mover o mundo na direção certa e isso é muito bem-vindo”, disse Helen Mountford, vice-presidente de clima e economia do World Resources Institute, o WRI, importante think-tank climático com sede nos Estados Unidos. “Dada a escala do desafio global, será necessário que o país alcance seu compromisso mais ambicioso e reduza emissões em 55% até 2030”.

“As soluções climáticas são mais baratas e abundantes do que nunca, portanto a ampliação do plano climático norueguês faz sentido economicamente”, segue Helen. “ É fundamental que as principais economias do mundo sigam os passos da Noruega e apresentem planos climáticos ousados.”

A Noruega, mesmo não fazendo parte da União Europeia, diz querer colaborar com o esforço do bloco, que em março prometeu editar nova legislação para tornar a UE neutra em carbono em 2050.

O país registra a maior taxa de uso de carros elétricos do mundo. A estatal Equinor, gigante produtora de petróleo e gás, prometeu em janeiro cortar suas emissões domésticas em 40% esta década e aproximar-se de zero em 2050.

Para os ambientalistas, a CoP 26 será um teste fundamental para a abordagem adotada pelo multilateralismo das Nações Unidas, depois do fracasso dos resultados da conferência de Madri.

A Noruega é o maior doador do Fundo Amazônia, paralisado desde que o ministro Ricardo Salles decidiu reestruturar sua governança retirando dos conselhos deliberativos as organizações da sociedade civil e governos locais. A proposta ainda não foi aceita pela Noruega e Alemanha.

O Brasil não recebe doações também porque a taxa de desmatamento da Amazônia aumentou 29,5% no último exercício, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Não há esforços a serem recompensados, portanto.

Na CoP 25, em Madri, a Colômbia recebeu US$ 366 milhões da parceria Noruega, Alemanha e Reino Unido, pelos seus resultados em reduzir o desmatamento. A Noruega anunciou dar US$ 1 bilhão à Indonésia, seguindo o mesmo princípio.

 

Fonte: Valor Econômico – 10-02

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