28 de Abril de 2020
Notícias
O presidente da Cosan, Luis Henrique Guimarães, disse nesta segunda-feira (27), na live do Valor, que “não é hora de Fla x Flu em nada”, ao responder sobre os efeitos que as saídas dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Sergio Moro podem ter sobre o papel do governo para a saída da crise.
“Obviamente, não ajuda quando você vê alguns desentendimentos. A crise acaba aflorando nas pessoas um pouco mais de diferenças”, avaliou. Durante a entrevista, o executivo do grupo defendeu que o governo precisa ter atenção "para a saúde e para a economia". Para ele, a volta às atividades, em vários lugares, começará "em algum momento em maio, o que vai depender do ritmo da volta e de decisão pela ciência, de preservação da vida".
Para Guimarães, a crise atual é externa e “as pessoas precisam se falar”. “Meu pedido é que os times que são muito competentes em Brasília, nas estatais e na iniciativa privada cada vez mais se unam para buscar uma solução, que hoje ninguém sabe [qual é]”, defendeu. “Gostaria de pedir a todos mais reuniões a portas fechadas debatendo e achando uma solução.”
O executivo também defendeu a continuidade da aprovação das reformas iniciadas pelo atual governo e avaliou que o motor da retomada da economia não ocorrerá pelo consumo, mas por investimentos em infraestrutura. A retomada, avaliou ainda, também precisa passar pelo apoio aos pequenos e médios empresários, o que deve ser facilitado em um cenário de juros baixos.
Impactos diferentes
Os negócios da Cosan sentiram de maneiras diferentes os impactos da pandemia de covid-19. A redução da circulação afetou mais fortemente o consumo de combustíveis. A distribuidora Raízen Combustíveis, joint venture que o grupo tem com a Shell, chegou a registrar queda de 50% nas vendas do ciclo Otto, mas que agora já começa a aliviar com o relaxamento de algumas medidas de isolamento em algumas regiões do país.
Essa recuperação, porém, não é linear no país, e as quedas mais fortes no consumo continuam concentradas nos grandes centros urbanos. Já as vendas de diesel foram menos afetadas, com quedas de 20% a 25%.
Apesar da redução expressiva nas vendas de combustíveis até agora, Guimarães disse que, quando as atividades começarem a voltar, o setor de combustíveis "é o primeiro segmento que volta, porque as pessoas voltam a se movimentar para seus trabalhos". Ele também ponderou que, com a queda dos preços de combustíveis, será preciso avaliar se as pessoas vão preferir usar transporte público ou particular, inclusive também diante do receio para se evitar aglomerações.
Para a Raízen Energia, braço sucroalcooleiro da joint venture, Guimarães disse que o maior desafio é manter as operações, já que os trabalhadores precisam utilizar transporte para as frentes de trabalho no campo e compartilhar espaços de alimentação, por exemplo.
Fonte: Valor – 27/4
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