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Mourão diz que BR Distribuidora pode ser privatizada

14 de Novembro de 2018

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O vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, afirmou nesta terça-feira (13), em teleconferência com investidores em Nova York, que a BR Distribuidora pode ser uma das estatais privatizadas durante o governo de Jair Bolsonaro.

Respondendo à pergunta sobre possíveis vendas de estatais, Mourão não entrou em detalhes, mas foi bem claro sobre a empresa atualmente controlada pela Petrobras: “Sobre a BR Distribuidora, o senhor Bolsonaro acha que pode ser privatizada também”.

O general lembrou que o Brasil tem cerca de 150 estatais – são 149 empresas sob controle da União – e disse que “cerca de 140 podem ser vendidas”. Mourão elogiou o acordo entre Embraer e Boeing, que segundo ele abrirá um bom espaço para o Brasil no mercado de aviação, e admitiu que ainda não há uma definição sobre o futuro da Caixa Econômica Federal. “Ainda estamos trabalhando nisso”, disse.

Governo x Congresso

Os investidores questionaram Mourão algumas vezes sobre a relação do novo governo com o Congresso. O vice-presidente eleito afirmou que o objetivo é uma “relação republicana”.

“Sem pressões, mas uma retórica de prioridades, de programas, de ideias”, disse, acrescentando que as conversas vão se intensificar a partir de fevereiro, quando os novos líderes da Câmara e do Senado forem escolhidos. “E vamos lidar com isso de uma nova maneira, será um novo tipo de governo, posso garantir a todos vocês. O sr. Bolsonaro conhece o Congresso, sabe como trabalhar lá. E a nossa relação será amigável, mas muito assertiva. Vocês verão um novo tipo de governo no Brasil”, acrescentou.

Reforma da Previdência

Mourão lembrou que a eleição de outubro provocou uma grande mudança na composição do Congresso, principalmente na Câmara dos Deputados e, nesse sentido, frisou que será difícil aprovar alguma pauta de interesse do futuro governo ainda este ano, apesar das tentativas. Segundo ele, as três prioridades do novo governo nos primeiros 100 dias deverão ser a reforma da Previdência, a reforma tributária e medidas ligadas à segurança pública.

“O ajuste fiscal é prioridade para nós. E a reforma da Previdência é um dos principais alvos, dos principais objetivos, das principais prioridades que temos”, ressaltou o general, acrescentando que “no máximo no fim de junho podemos atingir” a reforma da Previdência.

Sobre a reforma tributária, disse que 37% do Produto Interno Bruto (PIB) são impostos, o que considerou “um fardo muito grande para todos no Brasil”, para em seguida citar os três principais pontos relativos à segurança pública: redução da maioridade penal, a administração do sistema penitenciário e os investimentos no setor.

“Trabalharemos no sistema penitenciário; na legislação, porque nossa legislação é muito leve hoje, pessoas condenadas a 20 anos saem da prisão depois de 5, 6 anos, o que não é bom; temos pessoas menores de idade cometendo crimes e não ficam presas, temos que mudar isso para os grandes crimes cometidos. Essas são as linhas em que vamos trabalhar”, afirmou, citando a escolha do juiz Sergio Moro para o Ministério da Justiça e Segurança Pública como uma indicação de que o futuro governo vai “lutar duro contra a criminalidade em todo o Brasil”.

"Mérito, mérito e mérito"

Sobre as vagas ainda abertas nos ministérios e estatais, reafirmou o mantra da meritocracia e frisou que não haverá influência política nessas escolhas. “E muitas das pessoas que trabalham hoje, como encontrei na sexta-feira com o Ivan Monteiro, da Petrobras, essas pessoas podem ficar nos seus lugares. O que quero garantir para vocês é que não haverá influência política na seleção de CEOs e vamos procurar por esses homens ou mulheres que realmente saibam o que estão fazendo. Mérito, mérito e mérito. É tudo”, disse.

De acordo com ele, a expectativa é que, até o fim deste mês, os principais nomes estejam escolhidos. “Bolsonaro está pensando muito cuidadosamente. Tem que ser cuidadoso quando escolhe os ministros e os CEOs de diferentes empresas. Então acho que até o fim de novembro teremos todas as pessoas escolhidas”, disse.

Ações

A fala de Mourão mexeu com as ações da BR Distribuidora, que fecharam o pregão desta terça-feira (13) em alta de 5,49%, a R$ 22,50. Na máxima do dia, os papéis chegaram a subir 8,5%, a R$ 23,15. O volume financeiro somou R$ 189 milhões, superior ao movimentado no pregão de segunda-feira (12), de R$ 42,4 milhões.

Valor Econômico - 13/11/18

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