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Montadoras estão otimistas com a recuperação da economia

07 de Novembro de 2018

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O italiano Antonio Filosa, presidente do grupo FCA para Brasil e América do Sul, não tem escondido sua empolgação com as perspectivas positivas para a economia brasileira e para o setor automobilístico nos próximos anos. Com a confiança característica de um bom napolitano, ele afirma que as marcas sob seu comando, que incluem Fiat, Jeepe, Chrysler, terão os melhores desempenhos do setor e serão os destaques do mercado nos próximos meses.

 “Vamos fazer da marca Fiat a montadora mais ousada do Brasil e da América Latina”, afirmou Filosa, no primeiro dia de apresentação à imprensa do Salão do Automóvel de São Paulo, ontem, ainda fechada ao público. “A Fiat voltará à liderança do mercado brasileiro. Pode apostar.”

 No primeiro dia de coletivas do Salão, 15 fabricantes apresentaram suas novidades. E todas exibiram algo em comum: o otimismo com o futuro da economia brasileira.

 A confiança do executivo da FCA é sustentada por um robusto plano de investimentos. Filosa reafirmou que, até 2023, a montadora vai investir R$ 8 bilhões no Brasil, com lançamento de 15 novidades, entre novos modelos, motorizações e soluções de conectividade.

"A estrutura de custos do Brasil hoje tira a competitividade do país em relação a outras regiões do mundo. E em um mundo cada vez mais competitivo, isso é um problema que precisa ser combatido" - Carlos Zarlenga, presidente da General Motors (GM) no Brasil (foto: Divulgação)

 A fábrica mineira de Betim deverá receber a maior fatia dos recursos, mas a planta da Jeep, na cidade pernambucana de Goiana, também será contemplada.

 

 “Quando há um ambiente de maior estabilidade e confiança, nosso setor e toda a economia voltam a crescer”, disse Filosa. “Por isso, não tenho dúvidas de que a fase mais difícil para o setor ficou para trás.”

 Junto com os investimentos, a FCA pretende lançar versões esportivas baseados nos compactos Argo e Cronos, além de um SUV compacto. A empresa não revela os detalhes de sua estratégia, mas crescem as apostas de que as marcas Alfa Romeu e RAM, famosa por suas picapes encorpadas, serão trazidas ao mercado brasileiro.

 A confiança de Filosa não é exceção no setor automotivo – é quase uma regra. Os executivos da montadora alemã Audi também acreditam que o mercado vai recuperar o vigor do período pré-crise. Tanto é que a marca vai aproveitar o clima do Salão para lançar uma de suas mais ousadas estratégias comerciais da história.

"Quando há um ambiente de maior estabilidade e confiança, nosso setor e toda a economia volta a crescer. Por isso, não tenho dúvidas de que a fase mais difícil para o setor ficou para trás" - Antonio Filosa, presidente do grupo FCA para Brasil e América do Sul (foto: Divulgação)

 Uma das iniciativas é um bônus de R$ 25 mil para que os clientes que já têm um modelo Audi troquem por alguma das quatro novidades em exposição no Salão. Não há limite de clientes para esta supervalorização.

 

Outra ofensiva é a oferta de um empréstimo em comodato dos modelos atuais do A6 e A7 para os primeiros 20 compradores. Após o fechamento do negócio, estes 20 clientes poderão ficar com um destes dois veículos emprestados até a entrega do novo modelo adquirido durante a exposição.

 Além disso, a Audi vai lançar os modelos Q8, A6, A7 e A8 em 2019. “Um evento como o Salão do Automóvel serve como vitrine para as nossas estratégias e, da parte do cliente, ajuda a motivar na compra de um novo veículo”, disse José Sétimo Spini, diretor da Audi do Brasil. “Além de expor os lançamentos, com o que há de mais moderno e tecnológico, estamos expondo nossa confiança e nossas condições especiais.”

 Parte do otimismo se explica pela tão aguardada aprovação do programa Rota 2030, colocado na pauta da Câmara dos Deputados na noite de ontem. Até o fechamento desta edição, o programa ainda não havia sido aprovado. A medida provisória, criada em julho em substituição ao Inovar-Auto, perde a validade na próxima semana, mas sua aprovação é dada como certa pelos executivos das montadoras.

 “Não há razões para os parlamentares não aprovarem. A lentidão em definir o programa e de aprovar no Congresso fez com que o Brasil perdesse para outros países projetos e investimentos das matrizes” afirmou o presidente da BMW no Brasil, Helder Boavida. “Com a aprovação do programa, o setor terá mais previsibilidade e poderá desengavetar seus investimentos.”

 Para relembrar, o Rota 2030 prevê que as montadoras possam abater entre 10% e 15% de seu imposto de renda do volume de investimentos realizados em pesquisa e desenvolvimento no Brasil. O incentivo tributário será concedido de acordo com a redução da emissão de poluentes e aumento da eficiência energética dos veículos.

 “A estrutura de custos do Brasil hoje tira a competitividade do país em relação a outras regiões do mundo. E em um mundo cada vez mais competitivo, isso é um problema que precisa ser combatido”, disse Carlos Zarlenga, presidente da General Motors (GM) no Brasil. “O texto original do Rota 2030 que trata disso, como carga tributária e custos de logística.”

 Essa avaliação é compartilhada pelo executivo Antonio Megale, presidente da associação das montadoras a Anfavea. Segundo ele, muitos projetos não saíram do papel pela falta de previsibilidade. “Quanto mais cedo aprovado for o projeto, mais as empresas poderão tomar decisões de investimento”, afirmou.

 Pelas projeções da Receita Federal, o Rota 2030 resultará em uma renúncia fiscal de mais de R$ 2,1 bilhões no ano que vem, e mais R$ 1,6 bilhão em 2020. Por outro lado, as montadoras calculam que os incentivos deveriam gerar uma desoneração de, no mínimo, R$ 5 bilhões.

Fonte: Estado de Minas - 7/11

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