20 de Março de 2020
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A indústria automobilística estará quase totalmente parada entre o fim deste mês e início do próximo como efeito do agravamento da crise provocada pelo novo coronavírus. Scania, Ford, Volkswagen, Volvo e Caoa Chery engrossaram, ontem, a lista das montadoras que concederão férias e folgas aos trabalhadores.
Mas, para alguns de seus dirigentes, vender veículos passou a ser muito menos importante do que cuidar da manutenção dos que estão em circulação. É necessário evitar, dizem, que ambulâncias, viaturas e caminhões que transportam medicamentos e alimentos tos quebrem no caminho. O número de trabalhadores das fábricas de montadoras que ficarão em casa já passa de 58 mil, incluindo algumas da Argentina. Mas o maior volume está no Brasil. Até a noite de ontem, Fiat Chrysler, Renault, Nissan e Volkswagen Caminhões, entre as grandes, não haviam ainda definido suspensão da produção.
Para o presidente da Scania na América Latina, Christopher Podgorski, não se trata, porém, de um simples período de descanso forçado, mas também de um tempo que deveria ser aproveitado para a sociedade organizar uma lista do que realmente é um serviço essencial. E isso, diz ele, inclui o transporte.
Para Podgorski, Estados e municípios precisam ser cautelosos em relação a decisões que possam prejudicar o transporte de mercadorias imprescindíveis ao combate da proliferação da covid-19. O executivo considera essencial, antes de mais nada, que o serviço de entrega de peças e de manutenção dos caminhões nas concessionárias não seja interrompido. “Vejo que municípios e Estados tomaram algumas decisões precipitadas nesse sentido”, afirma. “Assim como hospitais e supermercados também postos de gasolina e operações logística são essenciais; caso contrário, o país vai paralisar”, completa.
A Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave), que representa os concessionários, enviou ao prefeito de São Paulo, Bruno Cova (PSDB), pedido para a liberação das áreas de oficina e de peças nas concessionárias. Covas anunciou decreto que determina o fechamento do comércio a partir de hoje. “Podemos nos comprometer a não vender os carros, mas a oficina é um serviço essencial para atender veículos como ambulâncias e até carros da Uber. Além disso, trata-se de uma parte da concessionária onde o cliente sequer vai e que não oferece risco de aglomeração”, destaca Assumpção Jr.
As paralisações de ontem se somam às da General Motors e Mercedes-Benz, anunciadas na quarta-feira. A Scania vai parar a produção de caminhões em ônibus em São Bernardo do Campo (SP) entre 30 de março e 12 de abril, quando 3,5 mil empregados entrarão em férias coletivas. “Não tenho, no entanto, a resposta se me perguntarem se realmente vamos voltar no dia 13”, afirma Podgorski. Segundo ele, a falta de peças, do Brasil e do exterior, é o principal motivo da suspensão da produção.
Na Volks, a paralisação começa a partir de segunda-feira em todas as quatro unidades do Brasil - São Bernardo do Campo, Taubaté e São Carlos, em São Paulo, e São José dos Pinhais, no Paraná. Isso envolve 15 mil profissionais que trabalham em linhas de carros, comerciais leves e motores. Na primeira semana, os empregados da área administrativa da Volks continuarão em trabalho remoto e os das linhas de produção em folgas administradas por banco de horas. A partir do dia 31, começam a férias coletivas de duas semanas.
Na Volvo, 3,7 mil trabalhadores da fábrica de Curitiba entrarão em férias de quatro semanas a partir do dia 30. A unidade concentra toda a produção de caminhões, ônibus, motores, caixas de câmbio e cabines da Volvo.
Na Ford, a paralisação vai vigorar entre os dias 23 de março e 13 de abril no Brasil, onde a montadora tem fábricas em Camaçari (BA), Taubaté (SP) e na unidade da Troller em Horizonte (CE). A empresa utilizará variadas ferramentas, como férias, bancos de horas e folgas a serem compensadas futuramente. Entre 25 de março e 6 de abril a produção será interrompida também na fábrica de Pacheco, na região metropolitana de Buenos Aires.
Depois de uma greve, ontem durante o dia, à noite o grupo Caoa decidiu reverter a demissão de 59 trabalhadores na fábrica da Chery, em Jacareí (SP), anunciada na quarta-feira. Por meio de nota, a empresa disse que tomou a decisão “sensível ao atual momento que o Brasil está atravessando com a pandemia da covid-19”. Os trabalhadores (470, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos) entrarão em “layoff”, suspensão temporária.
Fonte: Valor Econômico - 20/03
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