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Minas perde R$ 1,73 bi por dia

01 de Junho de 2018

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Setores da indústria mineira já mostram muita preocupação com os efeitos causados pela greve dos caminhoneiros no mercado. Na avaliação do presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, os resultados da crise são desastrosos não só pela queda no faturamento das empresas, mas também por conta da possível fuga de investimento.

Em conversa com O TEMPO, Roscoe, que assumiu o comando da entidade na última segunda feira, mostrou-se preocupado com os efeitos futuros da crise em Minas e no país. “Do ponto de vista econômico, foi uma catástrofe, e não é só o impacto de primeiro momento, tem também a apreensão que cria no empresário. O investidor não vai colocar dinheiro em um cenário com pouquíssimas certezas. Perdemos um potencial de crescimento enorme”, pontuou.

De acordo com um estudo realizado pela Fiemg, tomando por base o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais estimado para o segundo trimestre de 2018, há um prejuízo de R$ 6,65 bilhões para a economia mineira como um todo e R$ 1,35 bilhão na indústria.

“Considerando a continuidade da greve nesta semana, o prejuízo diário para a economia mineira atinge o montante de R$ 1,73 bilhão por dia e, na indústria, R$ 350 milhões por dia. Em termos percentuais, o prejuízo estimado tem um impacto sobre a economia mineira próxima de 1% do PIB”, mostra trecho do estudo.

Segundo Roscoe, a conversa com o empresariado durante a semana de crise foi assustadora. “A situação é de desespero. Um empresário que tem centenas de empregados e não sabe dizer como vai pagar os salários. O que ele tem para receber ninguém paga, o banco não dá crédito e não fatura um real. Como vai fazer?”, questionou. O presidente da Fiemg também disse acreditar que diversas empresas não vão conseguir se recuperar e que haverá um alto número de demissões por conta da crise.

Na avaliação dele, deve demorar para que a indústria retorne à normalidade, mesmo após o fim da greve. “Do momento que terminar, as indústrias que têm cadeias mais fáceis normalizariam com três dias. As cadeias mais complexas, com processos mais complicados, em 15 dias”. Com a crise no abastecimento, grande parte dos setores industriais passou a operar no chamado “regime just in time”, em que os estoques de matérias-primas são planejados para suprir a produção por dois a três dias.

OPORTUNIDADE. Apesar da preocupação, Flávio Roscoe também aponta que o país pode tirar uma lição positiva. “Isso tudo pode ser usado pra melhorarmos. Pode ter um viés positivo. Temos que aprender a lição e corrigir o que devemos corrigir. Temos que repensar a estabilidade do servidor público e o tamanho do Estado. O Estado é enorme, não se sustenta e não é eficiente. Se a crise servir para refletirmos sobre isso, o custo terá valido a pena”, afirma.

Fonte: O Tempo – 01/06/2018

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