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Metas do Rota 2030 podem ser prorrogadas em 6 meses

26 de Junho de 2020

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A indústria automotiva poderá ganhar fôlego extra de seis meses para cumprir as metas de eficiência energética e de segurança veicular do Rota 2030. A informação é de Francisco Tripodi Neto, sócio-diretor da Pieracciani Consultoria, entrevistado na quarta-feira, 24, em Live #ABX20.

Segundo ele, a prorrogação está em negociação com o governo para atender a um pleito da Anfavea, associação que representa os fabricantes de veículos, e do Sindipeças, entidade que reúne a cadeia de autopeças. A medida seria uma resposta à pandemia de Covid-19, que atrasou desenvolvimentos e projetos, além de reduzir drasticamente a capacidade de investimento das empresas do setor.

O especialista conta que chegar a um consenso sobre a extensão foi um tanto desafiador para as entidades, já que as fabricantes de veículos e o setor de autopeças abatem em momentos diferentes os aportes feitos em desenvolvimentos para o programa.

“Prorrogar o prazo compromete os investimentos que já foram feitos pelos fornecedores em desenvolvimentos para atender ao Rota 2030. Ao postergar, a receita esperada para abater essa massa de investimentos também atrasa”, observa Tripodi.

Segundo ele, apesar desta dificuldade, a revisão das datas em seis meses parece ser o entendimento mais razoável tanto para fabricantes de veículos quanto para os outros elos da cadeia de valor. “É o que atende minimamente a necessidade das montadoras e, ao mesmo tempo, prejudica o mínimo possível as fabricantes de autopeças e sistemas”, resume.

Os prazos da Rota 2030

Até que a prorrogação seja aceita pelo governo, a determinação imposta pelo Rota 2030 é de que até o fim de 2022 todas as montadoras habilitadas no programa melhorem em pelo menos 11% a média de eficiência energética de todos os carros vendidos no Brasil. Este é o primeiro ciclo do programa, que traz metas ainda mais apertadas para 2027 e 2032.

Quando se trata de segurança veicular a imposição é de que as empresas cumpram até 2027 um cronograma gradual para a adoção de tecnologias de assistência à direção. Dessa forma, itens como frenagem automática de emergência e sensor para manter o veículo dentro da faixa de rolamento passarão a ser listados na etiqueta veicular.

Exigência Baixa de Investimento em P&D

Tripodi lembra que, embora a extensão do prazo para cumprir os objetivos de eficiência energética e segurança estejam em discussão, não há qualquer demanda para atrasar as metas específicas de investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) impostas pelo Rota 2030.

As empresas que se habilitam ao programa podem optar por destinar parte da receita operacional para P&D, cumprindo porcentuais mínimos a cada ano. O compromisso em alcançar os objetivos gera incentivos fiscais.

“Não há qualquer discussão sobre pedir uma flexibilização para estas obrigações. A nossa leitura é de que as empresas vão conseguir alcançar porque as metas são baixas”, diz Tripodi.

Segundo ele, a maior dificuldade que as organizações enfrentam não está em cumprir o aporte em si, mas em detectar quais projetos podem ser considerados P&D pelo programa. “Tem empresa que só olha para engenharia de produto e deixa de lado uma série de investimentos em engenharia de processo, operações, assistência técnica e muitas outras atividades de P&D que acontecem nas mais diversas áreas”, avalia.

 

Fonte: Automotive Business - 24/06




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