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Mercosul e União Europeia perto de fechar acordo; etanol deve ficar de fora

27 de Junho de 2019

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Altos representantes do Mercosul e da União Europeia (UE) pisaram no acelerador e tentarão, nos próximos dois dias, encerrar as negociações de um acordo de livre comércio entre os dois blocos com a intenção, até mesmo, de anunciá-lo até o próximo fim de semana.

Segundo disse ao Globo uma fonte do governo argentino que participa das conversas em Bruxelas, “estamos muito perto e existe vontade de ambas as partes”. Fala-se até mesmo em um comunicado conjunto entre a sede da UE e os presidentes que estarão participando da reunião do G-20, no Japão.

O desejo de fechar o acordo foi um dos assuntos mais conversados pelos presidentes Mauricio Macri e Jair Bolsonaro na visita do brasileiro a Buenos Aires, no começo do mês.

“O ambiente está muito bom, não sei se fechamos na quinta ou na sexta”, assegurou a fonte do governo Macri, que, em plena campanha para tentar a reeleição e às voltas com uma recessão que não consegue superar, é um dos mais interessados em selar um acordo que começou a ser negociado há cerca de 20 anos.

Do lado europeu, apontou o embaixador José Alfredo Graça Lima, que comandou as negociações em seus primórdios, um dos países mais interessados é a Alemanha. “As maiores resistências sempre vieram da França”, lembrou Graça Lima.

Para o embaixador, o anúncio do acordo deve ser essencialmente político, com Macri e Bolsonaro expondo uma vitória internacional. Mas ele vê poucos ganhos concretos para o Brasil, sobretudo a longo prazo.

“Será um acordo de comércio administrado, com cotas para produtos. Para o futuro, o comércio brasileiro, que pretende entrar em uma etapa de liberalização completa, fica engessado”, argumentou o embaixador.

Graça Lima lembrou, ainda, que produtos como etanol, do interesse brasileiro, não devem ser incluídos.

Por sua vez, um dos produtos que entraria no acordo e beneficiaria o Brasil é a carne. Até agora, entre os pontos de divergência destaca-se a liberação do Mercosul para os vinhos europeus, medida que encontra forte resistência dos produtores do Sul do Brasil.

Os países do Mercosul aceitaram que navios europeus possam movimentar contêineres pela região, mas não será possível que as embarcações possam fazer o movimento dentro de cada país. Assim, um navio da UE poderá pegar um contêiner em Santos (SP) e abastecê-lo em Buenos Aires, por exemplo, mas não pode levá-lo a Paranaguá (PR).

O Globo – 27/06/2019

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