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Mercado de carros cresce embalado por venda direta

06 de Dezembro de 2019

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O contínuo crescimento de vendas de veículos no mercado interno tem ajudado a indústria automobilística a compensar as perdas com exportação. Esse avanço ainda não reflete totalmente, porém, aumento de demanda no varejo. Metade dos carros e comerciais leves licenciados em novembro foram vendidos diretamente da indústria a frotistas, como locadoras. Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave), no mês passado a fatia da venda direta no comércio de carros novos chegou a 49,51%, uma das mais altas do ano.

A venda direta costuma crescer nos últimos meses do ano. Trata-se de um período em que as montadoras redobram esforços na tentativa de elevar a participação de cada marca no mercado. Mas, com a crise na Argentina, nesse fim de ano, as montadoras concederam descontos ainda mais generosos e os frotistas aproveitaram.

A expansão do mercado doméstico foi celebrada ontem na Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) porque superou marcos importantes. A média diária de vendas em novembro foi a melhor do ano e o acumulado, em 11 meses, superou as vendas totais, de 12 meses, em 2016 e em 2017. Com 2,53 milhões de unidades, o licenciamento de veículos este ano registrou até agora avanço de 8,3%.

Já no mercado externo, a queda chega a 33,2% de janeiro a novembro, com 399,1 mil veículos. A receita com as exportações, no mesmo período, diminuiu 39,5% (US$ 6,4 bilhões). Embarques para a Argentina, principal destino, encolheram mais de 50% no ano. Isso representará uma perda em torno de 200 mil veículos na produção brasileira.

Os recentes conflitos em países como Chile e Colômbia, deixaram o cenário externo ainda mais complicado. Segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, apesar de esses problemas serem claros inibidores do consumo nesses países, as fábricas brasileiras ainda não sentiram os efeitos.

Mas o cenário atrapalha a estratégia da indústria automobilística, que tinha esperanças de compensar a queda de vendas na Argentina com a expectativa de expansão em países como Chile, Colômbia, Peru e Equador.

As montadoras precisam elevar o ritmo de produção para reduzir custos com a ociosidade, que, segundo informações da indústria gira em torno de 43%.

Apesar de números positivos no mercado interno, a queda nas exportações se refletiu na produção de novembro, que diminuiu 7,1% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado, porém, houve crescimento de 2,7% na mesma base de comparação.

Nos 11 meses do ano, foram produzidos 2,77 milhões de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. A expectativa de Moraes é encerrar 2019 com volume 2% a 3% maior que o de 2018. A entidade só divulgará as previsões de produção, vendas e exportação para 2020 no início de janeiro.

Segundo Moraes, o setor mantém um “otimismo moderado” em relação à economia. “A tendência é 2020 começar num patamar melhor”, diz o dirigente. O crescimento do Produto Interno Bruto, de 0,6% no terceiro trimestre carregou otimismo para o setor. A Anfavea se alinha à previsão de aumento do PIB entre 1,1% e 1,2% no próximo ano.

Por outro lado, a indústria automobilística começará o ano com mais pressão nos custos com aço. A CSN anunciou a intenção de elevar os preços entre 5% e 7,5%. Já a Usiminas estaria pleiteando às montadoras aumento superior a 20%.

Segundo Moraes, a negociação dos reajustes é conduzida por cada empresa. “Cada uma está tratando da sua dor e procurando seu remédio”, destaca. “Mas o aumento do aço vai direto na veia e não só no nosso setor”, completa.

Fonte:Valor Econômico – 6/12

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