10 de Setembro de 2018
Notícias
O segmento de downstream (que reúne os setores de refino, logística, distribuição, revenda a petroquímica) passa por um momento de expectativa com o futuro e foco na necessidade de novos investimentos. A temperatura do mercado de abastecimento subiu devido à suspensão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da venda de 60% da participação acionária da Petrobras em quatro refinarias dos polos Sul e Nordeste, ao desejo de agregar transparência aos preços por parte da ANP e ao impacto da greve dos caminhoneiros em maio.
Com a proximidade da eleição presidencial em outubro, cresce a responsabilidade do novo governo em lidar com o setor de abastecimento, que tem impactos diretos no desenvolvimento do país.
Independentemente destes fatores, o momento é muito oportuno e favorável aos investimentos. Há demanda reprimida e os gargalos observados hoje na indústria de downstream no Brasil são evidentes. A logística é limitada e depende de investimentos adicionais. É preciso ainda investir complementarmente na produção de biocombustíveis, avalia Alberto Guimarães, secretário-executivo de Downstream do IBP.
Entre as oportunidades de investimento está a expansão do parque de refino. Segundo Guimarães, a despeito da crescente oferta atual de etanol e biodiesel, projeta-se que o Brasil terá necessidade de pelo menos uma nova refinaria nos próximos 5 a 10 anos, mesmo com a complementação do Comperj e da Renest. Como o tempomédio para implantar uma nova refinaria é de 5 anos, em média, o momento de decisão é hoje.
Política de preços
Quando a Petrobras anunciou a intenção de buscar parcerias em até 60% de sua participação acionária em quatro refinarias, em abril, o mercado de downstream começou a debater as vantagens do negócio. A iniciativa veio cerca de um ano após o estabelecimento da nova política de preços da Petrobras, que permitiu a paridade com as oscilações internacionais do preço do petróleo.
No entanto, em 3 de julho, a companhia informou que a negociação para a venda das refinarias estava suspensa, em função de liminar concedida pelo ministro do STF Ricardo Lewandowski, que proibiu a venda do controle de estatais e suas subsidiárias sem o aval do Congresso. Em 28 de setembro, haverá uma audiência pública para discutir a liminar concedida em julho.
“A Petrobras sempre foi o grande indutor de investimentos neste segmento, e o fez muito bem durante muitos anos. Mas a companhia passou por um choque de realidade e agora precisa priorizar seus recursos. A fase de abundância, de ampla capacidade de investimentos, parece que ficou no passado”, avalia Guimarães.
O executivo destaca que a Petrobras, ao buscar parcerias em refinarias, torna esse momento muito favorável para investimentos no Brasil por parte da iniciativa privada e de investidores internacionais.
Para o mercado, é muito saudável a diversificação de atores. Num país superavitário de matéria-prima e carente de combustíveis e nafta, a equação parece perfeita para investimentos.
O mercado de downstream aguarda também o desfecho da consulta da ANP sobre como dar transparência aos preços dos combustíveis, biocombustíveis e gás natural. A iniciativa da ANP tem por objetivo proteger os interesses dos consumidores e promover a livre concorrência. Na visão do IBP, a melhor transparência de preços se dá pela competição.
Greve dos caminhoneiros
O setor sofreu outro impacto, em maio de 2018, com a greve dos caminhoneiros. Entre outras exigências, os grevistas questionaram os reajustes frequentes e sem previsibilidade mínima nos preços dos combustíveis, principalmente do óleo diesel, realizados pela Petrobras diariamente. A paralisação e os bloqueios de rodovias em 24 estados e no Distrito Federal causaram a indisponibilidade de alimentos e remédios em todo o país, escassez e alta de preços da gasolina, com longas filas nos postos de abastecimento.
As eleições para presidente do Brasil em outubro também estão no foco do IBP para incrementar o setor de dowsntream. Entre os pleitos do setor, estão: simplificação e transparência tributária, estabilidade e clareza de regras, harmonização na produção de combustíveis fósseis e biocombustíveis, ação eficaz contra sonegação e ilegalidade e existência de um mercado aberto e livre, de forma a estimular a competição. Segundo Guimarães, o mercado atual de downstream vive um momento tão favorável quanto ao que se observou após a quebra do monopólio da Petrobras. — A indústria de E&P é pujante em geração de empregos, uso de tecnologia e para investidores. Estamos no limiar de abertura do downstream, trazendo dinamismo nos próximos anos e atraindo novos players que terão confiança em investir no país — aposta.
“A indústria de E&P é pujante em geração de empregos, uso de tecnologia e para investidores. Estamos no limiar de abertura do downstream, trazendo dinamismo nos próximos anos e atraindo novos players estarão mais confiantes em investir no país.”
Fonte: O Globo – 06/09/2018
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