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Maioria das usinas brasileiras de cana ainda enfrenta dificuldades financeiras

25 de Abril de 2017

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Muitas empresas brasileiras de açúcar e etanol ainda passam por uma situação financeira difícil, uma vez que grandes dívidas limitam investimentos que poderiam melhorar sua renda, disseram usinas e consultorias nesta segunda-feira (24).

Enquanto grandes grupos como Raízen, Biosev e São Martinho podem buscar formas alternativas de financiamento, a maioria das empresas de médio porte assumiu mais dívida ao longo dos últimos anos e estão tendo dificuldades para processar mais cana, disseram especialistas durante o seminário internacional de açúcar da F.O. Licht em São Paulo

Reberth Machado, presidente da Bioenergia do Brasil, disse que a situação de sua empresa ilustra a atual crise da indústria. Sua dívida cresceu para R$ 246 milhões ante R$ 157 milhões há três anos.

A Bioenergia decidiu mais cedo neste ano parar de pagar suas dívidas com bancos e fundos como o norte-americano Amerra Capital Management, disse Machado, e procurou negociações de reestruturação com credores.

"Tivemos que decidir o que fazer: pagar bancos ou investir em plantio. Escolhemos investir no plantio de cana", disse ele, acrescentando que bancos como Banco do Brasil e Santander estão perto de alcançar acordo sobre novos termos para a dívida da Bioenergia.

Machado disse que muitos de seus fornecedores de cana também tiveram problemas financeiros ou escolheram plantar outros cultivos, como a soja, diminuindo a quantidade de cana que forneceriam à Bioenergia.

No novo ano safra, a usina irá processar apenas 1,1 milhão de toneladas de cana, cerca de metade de sua capacidade.

"Essa é a realidade de muitas usinas", disse Jaime Fingerut, um consultor autônomo de gestão do setor sucroalcooleiro.

Fingerut disse que o endividamento aumenta os custos de produção das usinas e atrasa investimentos que poderiam melhorar as operações.

René Sordi, assessor do grupo de usinas São Martinho, disse que a situação limita os investimentos em expansão da capacidade no Brasil. "As companhias estão sendo prudentes", disse ele.

O recente declínio nos preços do açúcar bruto em Nova York foi citado por Sordi como um novo obstáculo para as usinas brasileiras à medida que a nova safra começa.

"Estávamos esperando um preço muito melhor para o açúcar do que os níveis atuais", disse ele.

O açúcar está sendo negociado em Nova York a cerca de US$ 0,16 por libra-peso, após tocar cerca de US$ 0,23 no fim do ano passado.

(Fonte: Reuters – 25/04/17)

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