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Álcool tem a maior vantagem sobre gasolina em três anos

03 de Agosto de 2018

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O etanol atingiu a maior vantagem frente à gasolina nos últimos três anos. Para especialistas, o uso do combustível renovável é vantajoso quando seu preço é inferior a 70% do cobrado pelo litro de gasolina. Na última semana, a relação entre os valores chegou a 62,6% em Belo Horizonte. Isso considerando o preço médio, pois, na prática, já tem posto onde a relação é de 60%. “É o menor percentual desde outubro de 2015”, destaca o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos.

Segundo levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio na capital é de R$ 4,71 para a gasolina e de R$ 2,95 para o etanol. Os dois subiram desde a greve dos caminhoneiros, mas a gasolina aumentou muito mais. Em relação a 20 de maio, um dia antes de a paralisação começar, o derivado do petróleo ficou R$ 0,16 mais caro. Já o álcool subiu R$ 0,09. “Mesmo antes da greve, o etanol já estava mais vantajoso. Como a gasolina subiu mais, agora a competitividade está ainda maior”, explica Campos.

Quanto mais barato o etanol, maior é o consumo. “Tivemos um aumento da produção, motivado pela alta na procura. O último levantamento da ANP mostra que, no primeiro semestre, enquanto as vendas de gasolina caíram 20%, as de etanol cresceram 86%”, afirma o presidente da Siamig.

Para a gerente comercial Patrícia Santos, 34, a diferença de preço é determinante. “Eu percebo que o etanol deixa meu carro mais potente, mas a gasolina rende mais. Então, quando ele está bem mais barato, eu dou prioridade ao etanol. Faço pesquisa na internet e fico de olho na placa que mostra a relação. Desde que acabou a greve, tenho visto que a relação está na casa dos 63%”, diz ela.

Reflexos. Se não fosse a greve dos caminhoneiros, a demanda teria crescido ainda mais e, consequentemente, o etanol poderia ter ficado ainda mais barato. “Tínhamos a expectativa de vender 200 milhões de litros de etanol hidratado em Minas, em maio. Mas vendemos 154 milhões de litros. Agora, nossa previsão é ultrapassar os 200 milhões nos próximos meses. O consumo está crescendo e voltou a representar 30% das vendas de combustíveis”, explica Campos.

Para 2018, a previsão é repetir os números da safra de cana-de-açúcar do ano passado, quando foram produzidas 64,5 milhões de toneladas. “Para o etanol, a previsão é de aumento aproximado de 10%. Esperamos produzir 3 bilhões de litros”, afirma o executivo. Esse aumento é para o hidratado, usado direto no carro. O anidro, misturado na gasolina, está em queda.

Em Minas, diesel só baixou R$ 0,39.

A greve dos caminhoneiros que paralisou a economia do país por 11 dias só acabou porque o governo federal concordou em baixar o preço do diesel em R$ 0,46. Em Belo Horizonte esse corte foi de apenas R$ 0,39. Segundo pesquisa da Agência Nacional de Petróleo (ANP), em 20 de maio, um dia antes de a greve começar, o diesel estava custando em média R$ 3,90. Na última semana, custava R$ 3,51.

O presidente do sindicato que representa os postos de combustíveis em Minas Gerais (Minaspetro), Carlos Guimarães, afirma que a culpa é do governo do Estado. “Nós repassamos integralmente, mas o ICMS, que é de 15%, incide sobre um preço médio ponderado, mas o Estado não baixou essa base na mesma proporção”, afirma.

Até 15 de julho, o ICMS respondia por R$ 0,54 no preço total do diesel. Agora, responde por R$ 0,53. (QA)

Fonte: O Tempo – 03/08/2018

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