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Álcool ou gasolina? Na hora de abastecer o carro flex, pense no meio ambiente

03 de Agosto de 2017

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Apesar de muitos países europeus estarem especulando sobre o fim dos carros movidos a combustíveis fósseis, como gasolina e diesel, para a década de 2030, a realidade parece distante do Brasil, que tem até projeto no Congresso para aprovação do diesel em veículos leves. Por outro lado, os brasileiros contam com o álcool, um combustível renovável que é alternativa comum e acessível à maioria dos motoristas.

Quem tem um carro flex, que pode ser abastecido por álcool ou gasolina, geralmente determina o preço como fator preponderante para a aquisição de um ou de outro combustível. Mas será que essa atitude é a melhor em termos ambientais? Há fatores que precisam ser levados em conta para responder essa pergunta.

Nanopartículas

Pesquisa feita no Brasil por professores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Singapura e da Universidade Northwestern (EUA) revelou que o grande problema do uso de combustíveis fósseis como a gasolina está nas nanopartículas, também conhecidas como material particulado ultrafino (menor que 50 nanômetros). Com o uso de gasolina em vez de álcool na frota de veículos de uma cidade grande, o nível de nanopartículas aumenta em cerca de 30%.

"Essas nanopartículas de poluição são tão pequenas que se comportam como moléculas de gás. Ao serem inaladas, conseguem atravessar todas as barreiras de defesa do sistema respiratório e alcançar os alvéolos pulmonares, levando diretamente para o sangue substâncias potencialmente tóxicas, podendo aumentar a incidência de problemas respiratórios e cardiovasculares", disse Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) e coautor do artigo, em entrevista à Agência Fapesp.

O estudo foi realizado na cidade de São Paulo e é inédito, pois as análises comuns da qualidade de ar do município só levam em conta partículas sólidas de dez mil nanômetros (PM 10) e as de 2,5 mil nanômetros (PM2,5) que são maiores que as nanopartículas, além de outros poluentes. São Paulo foi o local escolhido por ter a maior frota de carros flex do Brasil.

Para efetuar a pesquisa, as análises foram feitas antes, durante e após uma forte flutuação no preço do etanol, no ano de 2011. O topo do prédio do Instituto de Física da USP, no Butantã, foi o local escolhido para a medição. Comprovou-se em uma situação cotidiana real que a opção pelo etanol reduz a emissão de particulado ultrafino. Até então, esse fenômeno só havia sido observado em laboratório.

"O incentivo aos biocombustíveis permite resolver vários problemas de uma vez. Ajuda a combater a mudança climática, reduz danos à saúde e promove avanços na tecnologia automotiva, pois a indústria terá estimulo para desenvolver carros mais econômicos e eficientes movidos a etanol", disse Artaxo.

 (Fonte: Ecycle – 02/08/17)

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