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Indústria busca retomar competitividade

25 de Maio de 2017

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No terceiro e último dia do Ciclo de Debates promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) em comemoração à Semana da Indústria, o centro das atenções esteve na pergunta: como restabelecer a competitividade do setor no País?

Em busca de respostas, especialistas e empresários presentes no evento, realizado na sede da entidade, em Belo Horizonte, chegaram ao consenso de que somente com a adoção de políticas horizontais o Brasil recuperará a produtividade e, consequentemente, voltará a ser competitivo nacional e internacionalmente.

Para o presidente da Fiemg, Olavo Machado Junior, a política industrial ideal para levar o setor ao patamar de produtividade almejado tem de criar condições para que aqueles que têm coragem de empreender realizem minimamente seus projetos. “Isso vai desde o apoio ao desenvolvimento de tecnologia ao acesso a crédito com juros compatíveis aos do mercado internacional e a equipamentos nacionais e internacionais que nos deem condição de competir em igualdade com o restante do mundo”, avaliou.

O pesquisador da Fundação Dom Cabral (FDC), Paulo Tarso Vilela, foi um dos cinco debatedores presentes no painel que fechou as discussões da Semana da Indústria, intitulado “Competitividade Industrial”. Ele destacou que as principais políticas horizontais nacionais deveriam focar em quatro pontos: educação, inserção do Brasil no mercado global, inovação e infraestrutura.

De acordo com o pesquisador, hoje 40% dos universitários brasileiros são analfabetos funcionais e não estão preparados para entrar no mercado de trabalho assim que se formam. “Essas são as quatro políticas (horizontais) que a gente depende para que tenhamos aumento de produtividade. E, aumentando a produtividade, fatalmente seremos levados a um aumento da competitividade”, pontuou.

O nível de produtividade da indústria nacional tem sido causa de grande preocupação entre membros do setor em Minas Gerais. O vice-presidente da Fiemg, Aguinaldo Diniz, admitiu um grande incômodo com a revelação feita por especialistas no segundo dia de debates na entidade de que, na América Latina, o Brasil só estaria à frente da Venezuela em termos de produção.

O dirigente da entidade lamentou ainda a perda de participação da indústria na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Segundo Diniz, em 1985 o setor tinha entre 23% e 25% da formação do PIB. Com o passar dos anos, o percentual, porém, despencou e, em 2016, atingiu a casa dos 10%. “Isso é uma queda de 15 pontos percentuais (p.p.), absolutamente traumática para nosso setor”, constatou o vice da Fiemg.

O nível de produção da indústria mineira apresentou o pior resultado do ano em abril, ficando em 40,4 pontos. Nos meses anteriores, os resultados alcançados foram 55,3 pontos em março; 42,2 em fevereiro; e 43,2 em janeiro. Com relação a abril de 2016 - que apresentou 42,6 pontos - também houve retração. Os dados da Sondagem Industrial, divulgados ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), indicam que “o baixo dinamismo da atividade econômica continua”.

De acordo com a economista da Fiemg, Annelise Rodrigues Fonseca, a retração era esperada devido ao impacto do fator calendário, já que abril teve dois feriados importantes: Semana Santa e Tiradentes. O indicador da sondagem varia no intervalo de 0 a 100, sendo que valores acima de 50 indicam crescimento.

Segundo a economista, num curto prazo é esperada uma moderação da produção, com possível estabilização ainda abaixo dos 50 pontos, já que a sondagem também apontou utilização da capacidade efetiva abaixo da usual para o mês, além do aumento de estoques pelo terceiro mês consecutivo. Por outro lado, os empresários esperam, para os próximos seis meses, o aumento da demanda.

(Fonte: Diário do Comércio – 25/05/17)

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