Notícias

Importação de etanol dispara

16 de Março de 2017

Notícias

Os Estados Unidos estão inundando o Brasil com etanol de milho. E, segundo o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig) Mário Campos, o crescimento das importações já tem refletido em prejuízos no setor nacional de cana-de-açúcar. Só em janeiro e fevereiro deste ano, entraram 429,8 milhões de litros de etanol estrangeiro no Brasil, que gastou US$ 215,48 milhões. O volume comprado é 596% maior do que o registrado no primeiro bimestre de 2016. Já em valores, as compras cresceram 678% em um único ano. Os dados são do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

“O importado está respondendo por praticamente 20% do nosso mercado, o que é muito ruim, pois, quanto mais etanol (milho) entra no Brasil, mais o preço pago ao produtor (cana-de-açúcar) é jogado para baixo”, afirma Campos. Ele explica que, com tanto álcool vindo de fora para subir os estoques brasileiros, era de se esperar que o preço nas bombas dos postos de combustíveis caíssem. Mas, na prática, a redução não tem sido repassada ao consumidor final.

Da primeira semana de janeiro até agora, o preço pago ao produtor caiu 15,5%. Segundo dados do centro de estudos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq), em janeiro, o produtor recebia R$ 1,87 por litro. Nessa quarta-feira (15), o valor pago foi de R$ 1,58. Nas bombas mineiras, de acordo com levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a redução foi de 2,3% nesse mesmo período, de R$ 2,94 para R$ 2,87.

“Estamos na entressafra e o normal seria o preço subir para o produtor, mas os estoques estão altos. O engraçado é que o consumidor não está pagando menos”, questiona Campos.

O diretor do Sindicato do Comércio Varejista dos Derivados de Petróleo (Minaspetro) Bráulio Chaves explica que o repasse não é imediato. “A queda não chega na mesma proporção ao consumidor porque os postos trabalham com estoques. Compram mais barato, mas primeiro precisam vender o que já tinham”, destaca.

Chaves ressalta que, no entanto, nos últimos dias o preço pago ao produtor voltou a subir, apesar do início da safra de cana-de-açúcar.

O presidente da Siamig observa ainda que, com a falta de competitividade do etanol frente à gasolina, a demanda pelo produto tem caído. “Isso é agravado pela importação, pois além dos nossos estoques, que têm alto custo para serem mantidos, ainda entra produto de fora. Entretanto, se a mesma redução do preço do produtor já tivesse chegado às bombas, o álcool estaria equivalente a 70% do custo da gasolina e as vendas voltariam a crescer”, analisa.

Meio ambiente

Sustentabilidade. Segundo o presidente da Siamig Mário Campos, além do impacto econômico ao setor da cana-de-açúcar, o etanol de milho é mais prejudicial ao meio ambiente.

Setor reivindica barreira fiscal

O presidente da Siamig Mário Campos anuncia que o setor está se articulando para cobrar do governo federal a volta do imposto de importação. “Ele já existiu e era na casa dos 20%. Essa é uma forma de proteger nosso mercado”, destaca. Com base em dados do Mdic, em janeiro e fevereiro deste ano cada litro de etanol de milho entrou no Brasil por US$ 0,50 (R$ 1,58). O valor é igual ao pago atualmente ao produtor do etanol de cana, mas isso antes de considerar os impostos nacionais.

 

(Fonte: O Tempo – 16/03)

Veja também