12 de Junho de 2018
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A greve dos caminhoneiros afetou severamente os resultados da segunda quinzena de maio da safra de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do País. Segundo Antonio de Padua Rodrigues, diretor Técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), "deixou-se de processar cerca de 13 milhões de toneladas nessa quinzena devido à suspensão das operações pela falta de diesel e outros insumos à produção".
No Paraná, Estado mais impactado, a perda chegou a 10 dias de moagem. Considerando os preços vigentes na comercialização do açúcar e etanol, a redução da receita do setor sucroenergético devido à greve totalizou cerca de R$ 1,2 bilhão.
A concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) no acumulado até 1º de junho, registrou alta de 4,53%, com 123,71 kg por tonelada em relação ao mesmo período de 2017
No acumulado da safra, a produtividade agrícola alcançou 81,64 toneladas por hectare, crescimento de 2,01% ante o valor observado no mesmo período do ciclo 2017/2018 (80,03 toneladas por hectare).
Entretanto, o resultado positivo deve ser analisado com precaução, pois não retrata a expectativa de quebra agrícola esperada para a safra 2018/2019, que pode variar de -2% a -15%, dependendo da região. Os dados são do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) para uma amostra de 143 empresas.
A quantidade de cana a ser processada neste ciclo sofrerá os impactos da conjunção de um canavial envelhecido com um extenso período de seca entre os meses de março a maio, prejudicando severamente as lavouras e a produtividade agrícola do restante da safra. O Estado de São Paulo, que representa cerca de 60% da oferta de cana no Centro-Sul foi a região mais afetada pelas adversidades climáticas.
Ademais, mantida essa condição desfavorável para o desenvolvimento da planta, a disponibilidade de cana ficará comprometida no último terço da safra.
Mix de produção
No acumulado desde o início da atual safra até 1º de junho, 65,46% da cana processada destinou-se à fabricação de etanol. Estas cifras ratificam o entendimento quanto a um mix de produção bastante alcooleiro para o ciclo 2018/2019.
A saber, no acumulado desta safra, a quantidade fabricada de açúcar atingiu 40,71 kg por tonelada de cana contra 50,93 kg por tonelada verificados até a mesma data de 2017. Essa redução do rendimento, por sua vez, reflete a quebra da produção próxima de 1,50 milhão de toneladas, a qual, mantida a atual tendência para o mix, resultará em uma queda acumulada da fabricação de açúcar superior a 5 milhões de toneladas no agregado da safra 2018/2019.
Greve do Caminhoneiros
Em decorrência da greve do caminhoneiros, no acumulado mensal, as vendas de etanol pelas unidades produtoras do Centro-Sul diminuíram. Somaram 1,88 bilhão de litros, contra 2 bilhões de litros em maio do ano passado.
"Embora em plena safra e com produção crescente de etanol, as distribuidoras não conseguiam retirar o biocombustível nas usinas e destilarias. Nos dias de paralisação, as unidades deixaram de entregar 300 milhões de litros de etanol hidratado e 150 milhões de litros de anidro", acrescenta o diretor da UNICA.
Contudo, o impacto efetivo sobre a demanda de etanol devido à greve será conhecido após a divulgação das estatísticas pertinentes pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A demanda de combustíveis do ciclo Otto (gasolina C + etanol hidratado), em gasolina equivalente, no período de janeiro a abril de 2018, apresentou uma sensível queda de 1,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O cenário deve se acentuar nos próximos meses, também em função da queda no consumo indicada em maio decorrente da greve dos caminhoneiros.
A previsão para o ciclo de abril/2018 a março/2019 indica que a demanda de ciclo Otto deverá indicar uma retração entre 2% a 2,5%.
Fonte: Unica – 12/06/2018
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