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Greve de maio gera perda da ordem de R$ 200 milhões a Ultrapar e BR

03 de Agosto de 2018

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A greve de caminhoneiros em maio teve impacto negativo estimado pela Ultrapar no resultado da companhia da ordem de R$ 213 milhões, dos quais R$ 187 milhões no negócio de distribuição de combustíveis, a rede Ipiranga. O mesmo patamar foi registrado pela BR Distribuidora. Ajuste feito no estoque de diesel fez a subsidiária da Petrobras registrar perda de aproximadamente R$ 200 milhões.

Na Ultrapar, do total de R$ 187 milhões, o montante de R$ 40 milhões foi relativo a perda de volume de vendas e gastos extras com logística e segurança e R$ 147 milhões em estoques, por causa da redução do preço do diesel. “Na Ipiranga, os bloqueios nas bases de distribuição durante a greve dos caminhoneiros impossibilitaram o escoamento de produtos, gerando um impacto operacional estimado em 4% do volume de vendas”, informou a Ultrapar.

Descontados os efeitos da greve, a Ultrapar teria registrado resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 907 milhões no segundo trimestre, com alta de 18% na comparação anual. Mas o indicador somou R$ 625,9 milhões, queda de 3% em relação ao mesmo período de 2017.

No segundo trimestre, o impacto no Ebitda da Ipiranga foi de R$ 123 milhões. Outros R$ 24 milhões estarão refletidos nos números do terceiro trimestre, por causa da contabilização do inventário pelo preço médio. Na rede, principal negócio do grupo, sem considerar o efeito da greve, o Ebitda teria totalizado R$ 565 milhões, com queda de apenas 1% na comparação anual.

Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, André Pires, a conjuntura é desafiadora, à medida que ainda existem efeitos da greve dos caminhoneiros e a recuperação da economia é lenta. “Isso diminuiu a visibilidade de desempenho futuro, então não esperamos uma evolução significativa dos resultados no curto prazo”, disse o executivo, em teleconferência com analistas.

Na Oxiteno, o efeito negativo da paralisação foi estimado em R$ 13 milhões, com a parada temporária de quatro unidades produtivas (Mauá, Suzano, Tremembé e Triunfo) por causa da impossibilidade de escoamento de produtos. Em volume, o impacto foi de 6 mil toneladas.

Na Ultragaz, com efeito negativo estimado em R$ 10 milhões no Ebitda, houve dificuldade de entrega concentrada no segmento granel com perdas de 7 mil toneladas. A Ultracargo, por sua vez, não sofreu os efeitos da paralisação.

Na Extrafarma, eliminados os efeitos a greve e da abertura de novas lojas, o Ebitda teria sido positivo em R$ 10 milhões, ante R$ 9 milhões positivos no segundo trimestre do ano passado. A rede de varejo farmacêutico encerrou o intervalo com Ebitda negativo de R$ 7 milhões.

Na rede de farmácias, problemas no recebimento e distribuição de produtos e o menor fluxo de clientes nas lojas resultaram em faturamento menor e perda de R$ 3 milhões no Ebitda, que ficou negativo no intervalo.

BR

Na BR, a perda de R$ 200 milhões corresponde a uma redução de R$ 20 por metro cúbico na margem Ebitda do segundo trimestre, um índice calculado por meio da divisão do Ebitda ajustado — que considera, entre outros itens, a amortização de bonificações antecipadas concedidas a clientes — pelo volume de produtos vendidos, uma medida de rentabilidade de seus segmentos de negócios.

Apesar desse fator, a companhia apresentou uma margem Ebitda ajustada de R$ 50 por metro cúbico, aumento em relação aos R$ 46 por metro cúbico do ano anterior, mas um recuo em relação aos R$ 76 apurados no primeiro trimestre.

Quando analisados os resultados financeiros consolidados, desconsiderando os ajustes, a BR Distribuidora foi bastante beneficiada pela linha financeira no segundo trimestre, que ficou positiva em R$ 269 milhões, por conta do recebimento de R$ 304 milhões relativos às duas primeiras parcelas dos contratos de confissão de dívida assinado em abril com distribuidoras da Eletrobras.

Em termos operacionais, a BR Distribuidora apresentou uma queda de 24% do lucro, a R$ 174 milhões, com o aumento de 9,1% das despesas operacionais, a R$ 1,14 bilhão das despesas operacionais, em função das reversões de provisões para o Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV) no segundo trimestre de 2017 relacionadas a desistências de empregados. Houve ainda o pagamento de prêmio de R$ 50 milhões por desempenho a empregados e membros da diretoria.

A margem bruta da companhia, como percentual da receita líquida, recuou em 1 ponto percentual em termos anuais e 1,1 p.p. ante os primeiros três meses do ano, para 5,6%. O Ebitda, desconsiderando os ajustes, recuou 50% em relação ao primeiro trimestre e 18,3% ante o mesmo período de 2017, para R$ 281 milhões.

A BR Distribuidora destacou que a margem bruta medida pelo faturamento em metros cúbicos de combustíveis cresceu 7,6% ante o mesmo trimestre de 2017, para R$ 131,00, compensando a queda de 4,2% no volume total vendido. Na comparação trimestral, porém, houve queda de 13%.

A rede de postos de combustíveis registrou uma queda de 3% nos volumes vendidos, mas conseguiu expandir em 21% sua receita líquida, para R$ 14,2 bilhões, graças aos maiores preços do período. “A redução do volume na comparação com o segundo trimestre de 2017 reflete a manutenção da política de preservação das margens de comercialização, priorizando a rentabilidade da companhia”, diz trecho do relatório da administração. Na comparação trimestral, as vendas dos postos de combustíveis cresceu quase 1%, com uma venda maior de diesel após a greve dos caminhoneiros.

A divisão de postos de combustíveis registrou uma queda de 3,2% do lucro bruto ajustado (sem a dedução das bonificações antecipadas a clientes e depreciação dos ativos da fábrica de lubrificantes), em base anual, para R$ 705 milhões, pelos efeitos da perda relacionada aos estoques de diesel, associada à redução das margens médias de comercialização, por conta da maior participação do etanol hidratado nas vendas da companhia, em detrimento a gasolina.

A BR Distribuidora acredita que o cenário de mercado no segundo semestre será mais favorável para o varejo, disse o diretor de rede de postos da companhia, Marcelo Bragança. Segundo ele, a maior participação do etanol hidratado no mix de vendas - em detrimento da gasolina – tem afetado a margem da companhia e torna o cenário desafiador quando a rentabilidade.

Bragança, porém, vê sinais de melhora no mercado. “O ambiente competitivo continua bastante acirrado, essa foi a tônica do primeiro semestre, mas vemos algumas melhoras […] Vemos o mercado mais favorável tanto para embandeiramento quanto para captura de rentabilidade, com precificação melhor nos postos”, disse o executivo, durante teleconferência com analistas.

No primeiro semestre, a BR ampliou a rede em 243 postos (líquidos), frente a igual período do ano passado.

Fonte: Valor Econômico - 02/08/2018

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