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Governo planeja construir entre 4 e 8 usinas nucleares no país

23 de Janeiro de 2019

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O governo federal pretende construir de quatro a oito usinas nucleares no Brasil. O plano foi confirmado ontem pelo Ministério de Minas e Energia, ao defender, em nota, a conclusão de Angra 3, no Rio. Atualmente, o país tem apenas duas usinas nucleares em operação — Angra 1 e 2 —que respondem por 1,2% da geração nacional de eletricidade.

“O Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030) prevê a construção de quatro a oito usinas nucleares no país. Cenário que tende a ser confirmado pelo PNE 2050, publicação aguardada para breve”, informa a nota da pasta.

Para o governo, a conclusão de Angra 3 é importante por trazer escala a toda a cadeia produtiva do setor, da produção de combustível à geração de energia. “Isso se torna ainda mais relevante quando se leva em conta que o Brasil vai precisar investir em energia para o futuro, em função do aumento da demanda e do esgotamento do potencial hidrelétrico”, acrescenta o texto.

Plano ensaiado no Governo Lula

Com a retomada das obras de Angra 3, em 2009, o governo Lula chegou a ensaiar um plano de construir uma série de usinas nucleares no Brasil. O programa nuclear previa a construção de mais quatro usinas de 1.000 MW até 2030, duas no Nordeste e duas no Sudeste, mas não seguiu adiante.

A intenção do governo de retomar o plano de construir novas usinas foi revelada pelo ministério ao defendera viabilidade de Angra 3 e afirmar que a conclusão da usina não trará ônus para o consumidor. O governo considera termelétricas movidas a combustíveis fósseis poluentes por gerarem gases que contribuem para o aquecimento global, ao contrário das nucleares.

Rodrigo Leite, especialista em energia do escritório Leite, Roston Advogados, se diz surpreso com o plano. Para ele, o país ainda tem grande potencial hidráulico a explorar em projetos como o complexo hidrelétrico do Rio Tapajós, no Pará, com custo mais baixo:

Até pela posição do ministro (de Minas e Energia) Bento Albuquerque, era esperada a conclusão de Angra 3 e talvez a construção de mais uma usina nuclear, mas não tantas. A nuclear é uma alternativa para energia de base, mas é cara. Ainda é possível desenvolver projetos hidráulicos e, deforma complementar, térmicas agás e alguma nuclear. Mas de quatro a oito é ousado demais.

O Globo - 23/01/2019

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