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Gasolina perde competitividade com etanol e venda cai, diz Petrobras

07 de Novembro de 2018

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A queda das vendas de gasolina da Petrobras no acumulado do ano até setembro, de 460 mil barris diários em 2017 para 401 mil barris diários em 2018, foi motivada pela perda de competitividade dos combustíveis para veículos a ciclo-otto (gasolina), em relação ao etanol, afirmou nesta terça-feira (6) o diretor de refino e gás natural da companhia, Jorge Celestino Ramos.

“Tivemos redução na gasolina devido à perda de competitividade do ciclo otto”, disse Celestino, durante coletiva de imprensa para anúncio dos resultados do terceiro trimestre.

Segundo ele a queda nas vendas de gasolina estão sendo compensadas pelo aumento das vendas de diesel, que passaram de 661 mil barris diários para 714 mil barris diários, na mesma comparação.

Segundo ele, o fator de utilização das refinarias em agosto e setembro, de 76% e 75%, inferiores aos 82% registrados em julho, foi influenciado pela parada parcial da produção na refinaria de Paulínia (Replan), em São Paulo.

Celestino disse que as importações de combustíveis por terceiros têm aumentado em outubro. “Operamos de forma normal [o programa de subsídios do diesel]. Proximamente vamos ter alguma definição [de uma regra de transição ara o programa]”, afirmou.

Importação

De acordo com Celestino, a companhia percebe um movimento de crescimento das importações de gasolina por terceiros em novembro.

Segundo ele, os concorrentes importaram cerca de 50 mil metros cúbicos do derivado em outubro, mas esse volume deve subir este mês para patamares entre 100 mil e 150 mil m3.

O crescimento, segundo ele, se dá em função da proximidade do fim da safra do etanol.

Produção

Segundo a diretora de Exploração e Produção da companhia, Solange Guedes, a produção de petróleo e gás da Petrobras está em linha com o planejado para o ano. A produção de petróleo da companhia em campos nacionais nos primeiro nove meses do ano foi de 2 milhões de barris diários, ante 2,2 milhões de barris diários, apurados em igual período de 2017. A meta da empresa para 2018 é de 2,1 milhões de barris diários.

Já a produção total de óleo e gás da empresa, nos primeiros nove meses do ano, ficou em 2,6 milhões de barris de óleo equivalente diários (BOE/dia), com queda de 6% em relação a igual período anterior.

“Nossa produção está em linha com o planejado para o ano”, disse a executiva. Segundo ela, a queda da produção foi influenciada fortemente por desinvestimentos, com destaque para a venda de participação no campo de Roncador, na Bacia de Campos.

Ela acrescentou que, no terceiro trimestre, a produção também foi impactada negativamente por paradas programadas para manutenção de plataformas e infraestrutura de escoamento de gás natural.

Segundo Solange, a companhia está avançando em direção à meta de produção para este ano, de 2,1 milhões de barris diários de petróleo em campos nacionais.

A executiva afirma que estão previstas paradas programas de plataformas no quatro trimestre, porém em proporção menor do que aquelas ocorridas no terceiro trimestre, que, por sua vez, foram o dobro das contabilizadas no segundo trimestre.

Plataforma P-75

A Petrobras espera começar entre hoje e amanhã (7) a operar a plataforma P-75, no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, disse o diretor executivo de desenvolvimento da produção e tecnologia da companhia, Hugo Repsold. A unidade tem capacidade para produzir 150 mil barris diários.

O executivo atualizou a situação das plataformas previstas para os próximos meses e citou que a P-76, que também operará em Búzios, só deve começar a produzir em janeiro.

A P-67 (Lula Norte) está a caminho de sua locação, depois de ficar alguns meses na Baía de Guanabara, no Rio, para reparos. A expectativa é que a unidade comece a operar em 30 dias.

“Seguramos [a P-67] um tempo para corrigir problemas no flare [sistema escape e queima de excessos da produção]. Já era para estar produzindo, mas estamos buscando segurança, conformidade, para garantir uma vida estável e de alta eficiência, para postergar ao máximo [a parada da plataforma]”, disse Repsold.

Para 2019, estão previstas também a P-77 (Búzios) e P-68 (Berbigão e Sururu).

TAG

O diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Petrobras, Rafael Grisolia, disse que a estatal, por ora, manterá suspensa a venda da Transportadora Associada de Gás (TAG).

“Nosso parecer jurídico é, por enquanto, manter suspensos os desinvestimentos da TAG, das unidades de fertilizantes [UFN-III e Araucária] e refinarias”, afirmou o executivo.

A venda desses ativos está suspensa desde junho, depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, concedeu liminar proibindo a venda do controle de estatais e suas subsidiárias sem o aval do Congresso.

Valor apurou que a Petrobras e o governo tentam, contudo, destravar o negócio ainda neste ano. A ideia é utilizar um dispositivo da Lei 9.478 de 1997, a Lei do Petróleo, para retomar a negociação mesmo sem decisão sobre a liminar.

O entendimento é que a lei autoriza a venda de subsidiárias da Petrobras, ao dizer que “para estrito cumprimento de atividades de seu objeto social que integrem a indústria do petróleo, fica a Petrobras autorizada a constituir subsidiárias, as quais poderão associar-se, majoritária ou minoritariamente, a outras empresas”.

Subvenção

A Petrobras tem a receber R$ 2,2 bilhões relativos ao programa de subvenção ao diesel, afirmou Grisolia. Segundo ele, porém, desse total, R$ 1,6 bilhão já foram pagos à empresa. “Temos R$ 2,2 bilhões a receber, incluindo o saldo do segundo trimestre [R$ 1,6 bilhão]”, disse o executivo.

Grisolia disse que espera uma aceleração do ritmo de aprovação de pagamentos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Sobre a adoção do mecanismo de hedge complementar para a gasolina, o presidente da estatal, Ivan Monteiro, afirmou que o instrumento “atendeu à expectativa que nós tínhamos”.

Fonte: Valor - 7/11

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