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Fusão de Fiat Chrysler e Peugeot abre caminho para eletrificação

01 de Novembro de 2019

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O grupo francês Peugeot Sociedade Anônima (PSA) e a montadora Fiat Chrysler (FCA), de capital italiano e norte-americano, oficializaram ontem o projeto de fusão, com o objetivo de criar a quarta maior empresa do mundo do setor de automóveis, atrás da Volkswagen, da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi e da Toyota. As duas prometeram não fechar nenhuma fábrica depois do que chamam de uma "fusão entre iguais". O acordo definitivo pode ser anunciado nas próximas semanas.

No papel, os dois grupos parecem complementares. A união pode permitir o retorno da PSA ao mercado norte-americano com os modelos Dodge e Jeep, enquanto a FCA poderia consolidar suas posições na Europa. “A fusão protege potencialmente a PSA da concorrência mundial. Além disso, são dois atores muito complementares, porque a Fiat também é Chrysler, ou seja, Estados Unidos”, declarou à rádio Europe 1 Agnès Pannier-Runacher, secretária de Estado francesa da Economia.

A união também ajuda as duas montadoras a dar um passo inadiável: a eletrificação dos veículos. Até agora, nenhuma delas tinha apresentado planos para atender em larga escala às normas de redução de emissão de poluentes que entrarão em vigor nos próximos anos – que tornam carros híbridos e elétricos fundamentais para as fabricantes.

“Em um ambiente em rápida mudança, com novos desafios em mobilidade conectada, eletrificada, compartilhada e autônoma, a companhia combinada vai alavancar sua forte presença em pesquisa e desenvolvimento e em ecossistemas globais para estimular a inovação e vencer esses desafios com rapidez e eficiência de capital”, afirma o comunicado divulgado. 

Analistas acreditam ainda que a PSA poderia contribuir com seu conhecimento sobre carros elétricos, enquanto a FCA pode apresentar automóveis de luxo com suas marcas Alfa Romeo e Maserati. 

A nova companhia, com vendas de 8,7 milhões de veículos por ano, teá sede na Holanda. Na França, os representantes dos sindicatos CGT e FO no grupo PSA criticaram a decisão, que consideram uma “brecha fiscal”.

As companhias disseram que esperam gerar 3,7 bilhões de euros (US$ 4,11 bilhões) em sinergias anuais quando estiverem totalmente integradas. O presidente da FCA, John Elkann, será o presidente da nova montadora, enquanto o executivo-chefe da Peugeot, Carlos Tavares, atuará como CEO.

Governo da França apoia a iniciativa

O governo da França se declarou favorável à fusão da montadora francesa Peugeot SA (PSA) com a ítalo-americana Fiat Chrysler, mas destacou que permanecerá vigilante quanto à manutenção do parque industrial no país, afirma um comunicado divulgado pelo Ministério da Economia e Finanças. O Estado francês é proprietário de 12% do capital da PSA.

O ministro Bruno Le Maire destacou ainda que está “atento” à confirmação do compromisso do grupo com a criação de uma filial europeia de baterias elétricas.

Negócio está em linha com o mercado

A criação de um novo gigante dos automóveis parece inevitável no contexto de um setor em plena transformação, que enfrenta a diminuição da demanda e novas regulamentações. A redução do ritmo de vendas de veículos em todo o mundo pode piorar à medida que economias cresçam menos ou até entrem em recessão.

Ao mesmo tempo, montadoras estão apostando todas as fichas em veículos elétricos e híbridos para se adequarem aos limites de emissão de poluentes na Europa e na China. A necessidade de capital para fazer frente a esses desafios tem levado a parcerias entre fabricantes. Jessica Caldwell, diretora de análise industrial da consultoria automotiva Edmunds, disse à rede americana CNN que a fusão da Fiat Chrysler com a PSA “não é sobre produtos ou novos mercados”. “É sobre financiar pesquisa para os veículos do futuro”, afirmou. “Esse é um movimento importante de Fiat Chrysler e PSA para garantir que as companhias continuem viáveis e relevantes enquanto a indústria evolui”, finalizou. 

Fonte: Jornal O Tempo – 01/11/19

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