FIEMG se posiciona sobre decisão do Banco Central

Na reunião encerrada nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central - Copom decidiu manter a taxa Selic em 6,50% ao ano, levando em consideração que a inflação esperada segue ancorada próxima ao centro do intervalo do regime de metas (4,50%, em 2018, e 4,25%, em 2019).

Na avaliação da FIEMG, o ritmo decepcionante de avanço da atividade econômica desde o começo do ano recomenda uma nova redução da SELIC para estimular a economia. Por outro lado, existe o risco de que a forte desvalorização cambial recente contamine os preços industriais e leve a um avanço da inflação.

De fato, os últimos dados de preços ao produtor exibem aceleração nas últimas semanas, o que pode ser atribuído tanto à desvalorização do real frente ao dólar quanto à elevação no custo de transporte após a o tabelamento do frete rodoviário. Para complicar, a corrida eleitoral permanece incerta e dificulta a elaboração de cenários econômicos. Tudo isso considerado, a decisão do Copom parece sensata nesse momento.

Cabe observar, contudo, que embora a redução da taxa Selic de 14,25%, em agosto de 2016, para os atuais 6,50% contribua para estimular o consumo e o investimento, essa queda de mais de 50% no juro básico não se refletiu na redução proporcional do juro médio nas operações de crédito.

Nesse mesmo período, a taxa de juros das operações de crédito com recursos livres caiu apenas 28%, enquanto nas operações com recursos direcionados a queda foi ainda menor, de 25%. Parte da explicação para esse fenômeno encontra-se no elevado spread entre taxas de captação e aplicação no mercado brasileiro.

Isto posto, ações que permitam a redução do spread bancário no Brasil estão entre aquelas de maior retorno para destravar o investimento privado e para permitir o crescimento do consumo das famílias, fundamentais à expansão da economia brasileira nos anos à frente. Essa pauta é inescapável para os postulantes à Presidência da República brasileira.

FIEMG – 20/09/2018