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FIEMG prevê extinção de 2 milhões de empregos

27 de Março de 2020

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O governo de Minas Gerais criou um comitê para acompanhar a evolução do quadro fiscal e econômico e determinar a adoção de medidas para minimizar os impactos causados pelo novo coronavírus (Covid-19) ao Estado.

Entre os motivos que levaram à nomeação do grupo está um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que indica queda de 10% no Produto Interno Bruto (PIB) mineiro e perda de 2 milhões de postos de trabalho em 30 dias de inatividade.
O levantamento da entidade também analisou as perdas em outros dois cenários: paralisação dos setores produtivos por 60 e 90 dias. No caso de 60 dias, a projeção de queda do PIB mineiro é de 19% e os postos de trabalho perdidos poderão chegar a 3,6 milhões ainda neste exercício. Já considerando 90 dias de ociosidade, os números poderão ser de -27,6% e -4,9 milhões, respectivamente.

De acordo com o decreto assinado pelo governador Romeu Zema (Novo) e publicado no Minas Gerais, o grupo será formado pelas Secretarias de Estado da Fazenda, Geral, Desenvolvimento Econômico, Governo, Infraestrutura e Mobilidade, Planejamento e Gestão; Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG); Fundação João Pinheiro (FJP); e Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Indi).
O comitê conta ainda com membros convidados, como a própria Fiemg, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG) e a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH).

Menos restrição

Na avaliação do presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, o principal papel do grupo será o de conscientização dos mineiros quanto à importância de medidas menos restritivas ao funcionamento da indústria e comércio em função da pandemia do novo coronavírus. Segundo ele, o isolamento total, como proposto até o momento por alguns governadores e prefeitos; poderá resultar em impactos profundos à economia.

“Não acho que estamos tomando as medidas mais inteligentes. Existe a necessidade da contenção do vírus, mas isso pode ser feito de uma forma melhor. Não podemos, diante de uma crise, criar outra. Por isso, defendemos a retomada gradual das atividades já a partir da semana que vem, permitindo com que toda a economia volte a girar”, argumentou.

O estudo da entidade indica que os efeitos negativos no mercado de trabalho e no PIB de Minas Gerais e do Brasil. Com 30 dias de paralisação, apenas o PIB mineiro poderá apresentar queda de até 10,2% em 2020. Apenas o setor de serviços do Estado poderá recuar em até 36,4%. Além disso, a indústria apresentaria perdas de 17% e a agropecuária de 5,4%. As maiores demissões aconteceriam no setor de serviços, com 1,02 milhão de demitidos, seguido pela indústria, com 369,6 mil.

Entre os setores, conforme Roscoe, já há quedas elevadas nos níveis de produção. Segundo ele, apenas exportadores estão conseguindo manter o ritmo de atividade, devido à retomada da demanda na China – que já ensaia recuperação após registrar o primeiro caso de Covid-19 no mundo, em dezembro do ano passado, e manter sua indústria paralisada por quase três meses.

“Os demais todos estão sendo impactados, pois dependem de encomendas do mercado interno para sobreviver. Se comércio e serviços estão paralisados, para quem eles vão produzir? E se outras áreas também estão suspensas, para quais indústrias fornecerão suprimentos?”, questionou.

Conforme o estudo, setores como fabricação de máquinas e equipamentos elétricos, produção de ferro-gusa, siderurgia e tubos de aço, defensivos, desinfetantes, tintas e químicos, celulose, citando alguns exemplos, teriam uma queda da atividade superior a 20%.

Por meio de nota, o presidente da CDL-BH, Marcelo de Souza e Silva, comentou a participação da entidade no comitê criado pelo governo de Minas. “É muito importante que o governo ouça os segmentos do setor produtivo para a tomada de decisões. Quem está na ponta, vivendo a realidade dos empresários, trabalhadores e clientes, tem muita propriedade para oferecer boas ideias e sugestões”, ressaltou.

 

Fonte: Diário do Comércio - 27/03

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