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Fenabrave prevê aumento de 2,3% nas vendas de veículos em 2017

05 de Janeiro de 2017

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Os distribuidores de veículos esperam que 2017 marque uma interrupção na queda de vendas que vem sendo registrada pelo setor desde 2013, e divulgaram, ontem (4), uma expectativa de crescimento de 2,3% nos licenciamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos neste ano.

A previsão é baseada na esperada volta ao crescimento da economia e na esperança de que o ciclo de corte na taxa de juros derrubará a Selic para próxima de 10% até o fim do ano, ante o nível atual de 13,75%.

As vendas de veículos acumulam queda de cerca de 50% ante o pico de quase 4 milhões de unidades em 2012. Em 2016, foram licenciados no país 2,05 milhões de veículos, uma queda de 20,19% sobre 2015, informou ontem a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

A própria projeção oficial da entidade já representa uma certa dose de cautela ante expectativa informada no final do ano passado de que as vendas de 2017 cresceriam cerca de 5%. “Tínhamos indicação do governo que a economia cresceria até 2,5% em 2017. Além disso, a situação política voltou a piorar mais para o final do ano e isso combaliu a economia. O desemprego também não teve melhora e os bancos seguem ainda muito rigorosos na concessão de crédito”, afirmou o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior.

Ele citou incertezas políticas como as eleições para as presidências das duas casas do Congresso no início de fevereiro como fatores de risco para a economia e para as vendas de veículos. “Após as eleições no Congresso, o governo vai continuar com apoio para fazer as reformas?”, questionou Assumpção Júnior.

Segundo o presidente da Fenabrave, as vendas do primeiro trimestre deste ano “devem ser melhores que do primeiro trimestre de 2016”, mas por causa da sazonalidade devem ser menores que as dos três últimos meses do ano passado.

Para a sócia-diretora da consultoria MB Associados, Tereza Maria Dias da Silva, que assessora a Fenabrave no cálculo das projeções de vendas, “o único risco para o crescimento das vendas de veículos neste ano é a queda do (presidente Michel) Temer”.

Com baixa popularidade, Temer tenta aprovar reformas polêmicas no Congresso neste ano, especialmente a da Previdência. Ao mesmo tempo, enfrenta o processo que pede no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a cassação da chapa encabeçada por Dilma Rousseff, na qual ele foi reeleito vice-presidente da República.

Desde o início de 2015 até meados do ano passado, 1.281 concessionárias de veículos do País fecharam as portas, o que implicou em demissões de 126 mil funcionários, de acordo com o presidente da Fenabrave. Ele estimou que até o final de 2016 o número de lojas fechadas chegue a 1.300.

As vendas de veículos novos no Brasil subiram 14,7% sobre novembro, apoiadas por eventos como pagamento do 13º salário e mais dias úteis de comercialização – foram 22 dias em dezembro ante 20 em novembro – afirmou o presidente da Fenabrave. Mas na comparação com dezembro de 2015 houve queda de 10,2%, para 204,4 mil unidades.

Assumpção Júnior afirmou que os bancos seguem restringindo crédito para compra de veículos novos, com apenas três pedidos de financiamento aprovados para cada dez. 

 

                 .Alarico Assumpção Júnior, afirmou ainda, que a piora da crise política acabou barrando o avanço do programa de renovação de frota que vem sendo elaborado pelo governo em parceria com entidades do setor automotivo, numa tentativa de estimular a venda de veículos no Brasil e tirar de circulação modelos mais poluentes e menos seguros.

Segundo Assumpção Júnior, o projeto continua parado na mesa Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) e ainda não houve um convite do presidente Michel Temer para que o tema fosse discutido mais profundamente com os representantes do setor.

“O governo tem sempre uma justificativa, lamentavelmente. Eu não quero transferir responsabilidade, mas no segundo semestre a questão política voltou muito gravemente, com essa briga entre poderes, isso abala, a inércia volta”, criticou o empresário.


Em novembro do ano passado, durante o Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, mostrou otimismo com programa de renovação de frota.
 

(Fonte: Diário do Comércio – 05/01)

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