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EXCLUSIVO JORNAL CANA: Usinas do Centro-Sul iniciarão a moagem 2020/21 dentro do prazo?

25 de Março de 2020

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O avanço do coronavírus no mundo gera incertezas e uma delas se refere ao início da safra de cana-de-açúcar 2020/21, na região Centro-Sul do Brasil, que tem data oficial para começar em 1º de abril. Embora a paralisação imposta como medida de segurança à disseminação da COVID-19 seja apontada como um empecilho para a largada da nova temporada, levantamento feito pelo ProCana Brasil e o Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria (Gerhai) com mais de 100 unidades do Centro-Sul do País, mostra que a operação segue conforme programado, sendo que muitas usinas já iniciaram o processamento da cana.

O estudo aponta que 10% das unidades já aqueceram as moendas, iniciando o ciclo no final de fevereiro e ao longo de março, sendo que a maior parte delas irá dar o start na operação nas primeiras semanas de abril. Unidades como a Barralcool, Bevap, Cerradão, Clealco – Queiroz, Denusa, Jalles Machado, Moreno, Nardini, Pedra Agroindl, Pitangueiras, Santa Adélia, São Martinho, Raízen, Tereos, Baldin, entre outras, estão neste grupo. Já unidades como Grupo Farias e GVO, iniciarão a produção em maio.

“As usinas pesquisadas, em sua maioria, já estão moendo dentro da sua capacidade instalada ou projetam crescimento no volume de cana a ser moída nesta safra, portanto possuem pouca margem de manobra para não deixar cana bisada para a próxima safra”, afirma Josias Messias, presidente da ProCana Brasil.

Josias destaca que a pesquisa revelou que as usinas pretendem manter a data prevista por duas razões. “A primeira é manter o cronograma necessário para moer todo o volume de matéria-prima projetado, em sua maioria com um pequeno crescimento”, diz.

Já a segunda, segundo ele, é que, apesar das várias medidas que as usinas estão tomando para mitigar os impactos da COVID-19, “as empresas demonstraram preocupação com as eventuais consequências da pandemia no andamento da safra, tais como restrições de locomoção, afastamentos por conta da doença e no suprimento de insumos fundamentais para a produção, como cal, enxofre e produtos utilizados no tratamento de água e fermentação. E a grande maioria preferiu a estratégia de manter o início da moagem como previsto, ou até antecipá-lo, visando manter um fôlego para mitigar eventuais paradas ou perdas nos próximos meses”, afirmou.

A Usina Batatais foi uma das primeiras unidades a começar o processamento da cana. Com previsão de moer 4,150 milhões de toneladas, produzir 5,5 milhões de sacas de açúcar de 50 kg e aproximadamente 168 milhões de litros de etanol, nesta temporada, a usina deu início à sua safra no dia 3 de março, com previsão de terminar em 18 de dezembro desde ano.

A companhia, que recebeu a certificação do RenovaBio no último dia 13 de março, divulgou o investimento de R$ 158 milhões em manutenções agrícolas e industriais, tratos e renovação de canavial para garantir a alta performance dos seus processos produtivos.

Fórum Sucroenergético Nacional traz expectativas positivas
Para André Rocha, presidente do Fórum Sucroenergético Nacional, que tem mais de 250 unidades associadas , as expectativas em relação à safra 2020/2021 ainda continuam positivas e, por enquanto, não há indícios de que haja adiamento das atividades nas usinas.

“Acredito que a safra não atrasará, a princípio, a não ser que tenha alguma dificuldade em função dessas quarentenas que estão sendo impostas. A produção de combustíveis foi tratada pelo Governo Federal como atividade essencial, não deve paralisar, ainda mais porque produzimos também alimentos, o açúcar e a energia”, disse.

Rocha ressaltou que possa haver alguma diferença de produtividade em função de medidas sanitárias para a prevenção contra o vírus, com adequações de layouts, logística, etc, “Essas medidas podem causar um impacto, com algumas unidades contando com menos colaboradores trabalhando em função de algumas restrições, mas é muito difícil dimensionar isso até que a gente veja a extensão desse período de restrição”, alertou.
O executivo ressaltou ainda que as usinas, em um ato de solidariedade com o período tenso provocado pela pandemia do coronavírus, estão colaborando com a doação de mais de um milhão de álcool 70% a serem usados na rede pública de saúde e também asilos, presídios e unidade social educativa.

Impactos no preço do etanol

Um dos impactos já observados neste momento é em relação ao preço do etanol, que vem caindo nos últimos dias. A queda do valor do barril de petróleo e a influência indireta do isolamento solicitado para tentar conter o avanço da COVID – 19 são os motivos apontados por Rocha. “Tivemos uma queda no consumo devido à paralisação de muitas atividades e isso influência no preço, que já teve queda de 25% desde o início do ano”, comentou.
Segundo ele, essa é uma questão muito preocupante: a queda diária dos preços. “Ao começar a safra teremos uma maior oferta ao mesmo tempo uma redução abrupta no consumo. Isso vai fazer com que muitas empresas repensem a sua estratégia de safra, o que pode levar até a uma redução da safra sobretudo para aquelas empresas que só fazem etanol. Para quem faz açúcar, além da questão de cumprimento de contratos, muitas unidades já tinham travado os preços, então têm uma situação um pouco menos desfavorável, neste momento”, elucida.

Para José Darciso Rui, Diretor Executivo do Grupo de Estudos de Recursos Humanos na Agroindústria (Gerhai), o colapso do petróleo, com o sobe e desce de preços, poderá sim, a curto prazo, prejudicar ainda mais os preços do etanol. “Já enxergamos nas bombas de postos de combustíveis uma retração nos preços. É aguardar para ver o que irá acontecer após o início da safra no Centro-Sul e avaliar o impacto da oferta e da procura. A procura, certamente, será bem menor que os últimos meses em razão da nossa quarentena e a oferta bem maior em razão da produção do etanol em larga escala, já que pelo que vemos será mais uma safra com mix de produção voltado para o etanol”, observou.

Para o consultor, as ações orientativas e prevencionistas, como palestras, comunicação sobre o vírus, distribuição de álcool gel nas frentes de trabalho, suspensão de algumas atividades não essenciais, acompanhamento do SESMT, trabalho home office quando pertinente, entre tantas outras medidas só vem a mitigar o problema.

“Temos acompanhado as medidas preventivas que as usinas têm tomado para conter esta crise provocada pela COVID -19 e vejo com muita satisfação e contentamento o desempenho dos profissionais de Recursos Humanos do setor”, afirmou.

De acordo com Rui, as ações contribuirão para uma safra com menor número de problemas e menos traumática, “visto que é quase impossível suspender ou adiar a safra da cana-de-açúcar. Assim, a maior contribuição dos profissionais de RH, incluindo aí, Saúde Ocupacional é conduzir este processo com muita persistência, maturidade, bom senso e cumpridor das diretrizes governamentais e empresariais”, concluiu.

Veja a lista completa das usinas AQUI 

 

Fonte: Jornal Cana - 24/03

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